São Paulo, sábado, 25 de junho de 1994
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Para Brizola, Brasil derrotou 1º Mundo

DO ENVIADO ESPECIAL A URUGUAIANA E DA REPORTAGEM LOCAL

Os candidatos à Presidência deram um tempo nas campanhas para ver o Brasil fritar Camarões.
Estilo e tática de campanha de cada um também se revelaram antes e durante o jogo. A Folha constatou que o futebol-arte, ofensivo, cheio de veneno e malícia, ainda é o preferito dos candidatos.
Mas quem já viu o sonho do tetra morrer nos pés do atacante italiano Paolo Rossi, em 82, sabe que, no futebol, como na eleição, bom mesmo é não desguarnecer a retaguarda (veja quadro à pág. 1-4).
Leonel Brizola, candidato do PDT, transformou o elogio à seleção em uma pregação contra a "subordinação" do Brasil a organismos internacionais.
Para ele, o Brasil é como a seleção: só dá certo quando investe em sua criatividade e quebra regras "impostas pelo Primeiro Mundo".
Brizola viu o jogo cercado de pedetistas no bar do aeroporto de Uruguaiana, 630 km de Porto Alegre. O atraso em Santo Ângelo (RS) fez com que perdesse os dez primeiros minutos. Ele comemorou os gols levantando os braços.
"Ali não tem nenhum filho das elites, das oligarquias", afirmou, referindo-se à seleção. Durante o segundo tempo, Brizola tomou café e comeu dois pastéis.
Em São Paulo, Esperidião Amin, do PPR, disse que uma eventual vitória do Brasil na copa fortalece a sua candidatura. "Sou reconhecido como esportista."
Amin assistiu ao jogo do Brasil na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força Sindical. Tomou três copos de cerveja, comeu pipoca e recusou o camarão oferecido pela entidade.
Na Alemanha, Lula (PT) foi obrigado ontem a voltar 30 anos no tempo e ouvir pelo rádio um jogo do Brasil em Copa do Mundo.
No horário do jogo, ele estava a bordo do avião que o levava de volta para o Brasil. A sorte de Lula é que ele ganhou um radinho da Fundação Friedrich Ebert, da social-democracia alemã. Pretendia usá-lo para ouvir o jogo.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) só chegou a seu comitê em São Paulo após o início do segundo tempo. Assistiu ao jogo comendo pipoca e tomando guaraná ao lado do candidato do PSDB ao Senado José Serra.
FHC disse que não gostou do primeiro tempo, que acompanhou nos estúdios da TV Bandeirantes, e reclamou de um pênalti não marcado pelo juiz. "No segundo tempo, jogamos direito", disse.
Orestes Quércia (PMDB) achou que o time do Brasil jogou bem ontem. "Mas na segunda-feira a seleção esteve muito melhor".
Ele assistiu o jogo na sede da produtora TVT, em São Paulo. Uísque, cervejas, vinhos, sucos e refrigerantes foram servidos.

Colaborou CLÓVIS ROSSI, enviado especial a Bonn

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