São Paulo, sábado, 25 de junho de 1994
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A questão religiosa

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O confronto entre Lula e o "bispo" Edir Macedo é apenas o primeiro sinal. No 25ª Hora, da Record, de propriedade de Macedo, um debate supostamente ecumênico confirmou que a questão religiosa está só começando, no Brasil.
Estava lá o próprio dono da Igreja Universal e da Record, secundado por um histérico pastor da Assembléia de Deus. Após um e outro assunto, chegaram ao que interessava. "Um pronunciamento de ódio contra o bispo Edir Macedo", feito no Congresso, pelo PT.
O ataque do deputado petista se devia à qualificação de Lula, por Macedo, como o candidato do diabo. Isso não foi lembrado pelo programa, mas o pronunciamento recebeu críticas pesadas, algumas não inteiramente sem razão. Uma delas ao PT e à própria Igreja Católica:
"É um partido formado por ideólogos materialistas e de outra parte pela Igreja Católica. Um partido radical, que apóia aborto, que apóia homossexualismo e tem Fidel Castro como grande estadista. Fidel que proibiu a liberdade religiosa e botou pastores na cadeia."
Crise
Questão religiosa, diga-se de passagem, que vai muito além da eleição de Lula. E que é a grande questão deste final de século, como indicou o rabino Henry Sobel, ainda na Record: "O fanatismo é um sinal dos tempos. Estamos vivendo em crise. Não só crise econômica, mas crise existencial."
Edir Macedo, que às vezes acerta, acrescentaria depois que priorizar as questões materiais, econômicas, foi precisamente o erro da Igreja Católica.
No Jornal Bandeirantes, para confirmar o suposto bispo Edir Macedo, o bispo "de verdade" d. Mauro Morelli apareceu para exigir estado de emergência, para o governo dar "atenção à recuperação da cidadania da criança". Está certo, mas não é só por aí; não importa só o que é temporal, material. Não nesta crise que é existencial.
Em campanha
Fernando Henrique Cardoso, no primeiro, foi posar, digo, torcer pela seleção num clube, ao lado de outros tucanos.
Ontem, insatisfeiro talvez com a cobertura, decidiu posar, digo, torcer na própria rede Bandeirantes. Foi o que disse, pelo menos, o narrador.

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