São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Justiça Eleitoral barra campanhas, diz Lula

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PT `a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou ontem a Justiça Eleitoral. Na sua opinião, o Judiciário cria obstáculos às campanhas.
O petista direcionou seus ataques às regras para a publicidade eleitoral.
Em resposta a Lula, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), através de sua assessoria, afirmou que o tribunal não cria a lei, apenas cumpre a legislação aprovada pelo Congresso Nacional.
As declarações de Lula foram feitas logo após desembarcar em São Paulo de sua viagem à África do Sul e à Alemanha.
Perguntado sobre um pedido de explicações encaminhado pela Justiça Eleitoral ao PT sobre um programa de TV, Lula disse acreditar que está havendo cerceamento da campanha eleitoral.
"Se você não pode utilizar via Embratel para passar uma coisa, se você não pode fazer vídeo, o que eles querem que a gente faça? Voltemos ao tempo do cinema mudo?", indagou.
O programa, transmitido na última terça-feira via Embratel pelo canal 10 (sintonizável por antena parabólica), trazia imagens das caravanas e discursos de Lula.
Oficialmente, o PT pretendia informar comitês e militantes sobre a campanha.
Anteontem, o corregedor eleitoral de São Paulo, Márcio Martins Bonilha, pediu uma cópia do programa e explicações para o PT.
Para Bonilha, a transmissão pode caracterizar irregularidade. O artigo 65 da lei eleitoral restringe a propaganda na TV ao horário gratuito, previsto para começar em agosto.
"Daqui a pouco você não vai poder fazer campanha. Logo logo nós vamos chamar o tribunal para fazer a campanha", afirmou.
Durante a entrevista no Aeroporto de Cumbica, o candidato petista voltou a defender um governo de coalizão.
Lula disse que, se eleito, pretende montar um governo mais amplo do que o PT, discutindo com setores do PMDB, PSDB e PDT.
O presidenciável também voltou a falar na regulamentação de um imposto sobre grandes fortunas.
Lula disse que é preciso regulamentar essa lei, já prevista na Constiuição, para criar fundos para investimentos do governo em áreas como saúde, educação e saneamento.
Ele não soube dizer como seria feita essa regulamentação.

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