São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Cedinho, cedinho

João Paro era prefeito de Colina, interior paulista, nos anos 60. Não perdia um ato público ou festa. Era conhecido da população seu hábito de ser sempre o primeiro a chegar a qualquer evento que reunisse mais do que dez pessoas.
Paro fazia o mesmo nos enterros. Chegava antes que qualquer um dos moradores da cidade.
A oposição, naturalmente, tentava sempre se antecipar ao prefeito, mas nunca tinha sucesso. Lá estava ele –cedinho– na praça em que havia festa, no palanque oficial, na casa do morto.
Até que um dia morreu um velho e querido habitante de Colina. Era previsível que quase toda a população da cidade fosse ao velório.
Os líderes da oposição correram para lá e, ao chegarem, não conseguiram acreditar: não viram João Paro. Demorou algum tempo até que os oposicionistas se convencessem, mas, depois, até comemoraram, discretamente, sua inédita antecipação ao prefeito.
Nesse momento, abriu-se a porta do quarto do morto. Três homens terminavam de vestir o corpo. Dois eram da funerária. A oposição desesperou-se ao ver o terceiro: João Paro.

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