São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Assessorias são contra ufanismo

DA REPORTAGEM LOCAL

A exemplo de Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os presidenciáveis do PMDB, PDT e PPR foram instruídos por seus assessores de campanha a não cometerem "exageros" ao falar da Copa do Mundo para evitar o ridículo do ufanismo desmedido.
O publicitário Nélson Biondi, responsável pela campanha de Esperidião Amin (PPR), é o mais enfático: "Querer faturar em cima da Copa é como fazer comício em velório ou casamento", diz.
A receita de Biondi é direta. "Se o Brasil ganhar, o candidato é visto como oportunista; se perder, fica com fama de pé-frio", diz.
Na mesma linha, o publicitário Chico Santa Rita, que assina a campanha de Orestes Quércia (PMDB), acredita que Copa e eleição não caminham de mãos dadas.
"Só apostaria que a vitória do Brasil iria favorecer alguém se o Pelé fosse candidato", diz.
O jornalista Roberto D'Ávilla, coordenador de campanha de Leonel Brizola (PDT), avalia que os três meses que separam os dois eventos vão diluir os efeitos de uma vitória ou derrota do Brasil "a nada em termos eleitorais".
O psicanalista Jurandir Freire Costa, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), avalia que por trás da estratégia dos candidatos está a percepção de que os políticos estão hoje em profundo descrédito.
"Tão em baixa que nem o futebol é capaz de reabilitá-los", afirma. Segundo ele, "nenhum dos políticos seria capaz de catalisar para si o nacionalismo que uma vitória brasileira iria suscitar".
Ao contrário da euforia de 1970, Jurandir avalia que o ambiente do país hoje pende para o lado da depressão, o que, diz, talvez seja sinal de maturidade.

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