São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Candidatos apóiam uso do Exército contra crime

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A promessa de alguns candidatos de uso das Forças Armadas no combate ao crime e na segurança pública das grandes capitais exige a aprovação pelo Congresso de emenda constitucional, avisa o ministro da Justiça, Alexandre Dupeyrat.
Os ministros militares também consideram que não é função específica das Forças Armadas tratar da segurança pública.
"Não fomos feitos nem preparados para isso", afirma o chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, general Gilberto Serra.
A proposta de empregar as Forças Armadas para questões de segurança pública é defendida por alguns candidatos a presidente, como o ex-senador Fernando Henrique Cardoso, da aliança PSDB-PFL-PTB.
O peemedebista Orestes Quércia também aprovaria o emprego de forças federais (Polícia Federal e Forças Armadas), para controlar a violência nas cidades, caso uma situação de emergência o fizesse necessário.
Os militares rejeitam até mesmo o uso das Forças Armadas no combate ao narcotráfico, tese defendida pelo governo norte-americano e que provocou mal-estar no Exército brasileiro.
A segurança pública, segundo o artigo 144 da Constituição, é atividade exercida pela policia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis e militares e corpo de bombeiros militares.
Constituição
A Constituição (artigo 142) determina que as Forças Armadas "destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer deles, da lei e da ordem".
Lei complementar de 24 de julho de 91 fixa que compete ao presidente da República definir a atuação das Forças Armadas, seja por iniciativa própria ou do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do presidente da Câmara dos deputados.
Para o ministro da Justiça, enquanto não houver mudanças na Constituição, não se pode alterar o papel das Forças Armadas. O general Serra observa que são raras as solicitações de governadores para intervenção das Forças Armadas nas polícias civis e militares dos Estados.
Segundo o porta-voz do Exército, se a segurança pública dos Estados "não tem condições para combater, geralmente há solicitação de intervenção do Exército pelo governador".
No Congresso, não existe nenhuma proposta de emenda constitucional para possibilitar o emprego das Forças Armadas na segurança pública.

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