São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Estudo vai avaliar efeito do lixo tóxico no litoral paulista

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A Opas (Organização Panamericana de Saúde) vai patrocinar uma pesquisa para avaliar os efeitos dos lixões químicos da Rhodia na população do distrito de Samaritá, em São Vicente (67 quilômetros a sudeste de São Paulo).
A verba, de US$ 3.600,00 será usada em um projeto-piloto para coleta de leite materno de 40 moradoras do bairro.
É a primeira vez que um organismo internacional destina verba para o estudo dos problemas provocados pelos depósitos clandestinos criados pela Rhodia (e sua antecessora Clororgil) entre 1966 e 1979, na Baixada Santista.
A Opas é um departamento da Organização Mundial da Saúde, organismo que faz parte da ONU (Organização das Nações Unidas).
"A idéia é verificar se o leite humano é um bom material para determinar o grau de contaminação das pessoas que moram perto dos lixões", disse a médica Agnes Soares, 36.
Pesquisa feita por ela em 1989 com 235 moradores do local indicou presença de HCB (hexaclorobenzeno) no sangue de 70% deles.
Segundo a Cetesb, o HCB foi um dos produtos despejados pela Rhodia na Baixada Santista.
Se for manipulada sem máscaras e luvas, a substância pode provocar câncer no fígado, hepatite crônica e distúrbios genéticos.
Em quatro meses o trabalho deve estar concluído. A partir dos resultados, a Opas poderá ampliar a pesquisa sobre a contaminação.
Outro ladoA Rhodia afirmou em nota que os lixões químicos foram criados de forma clandestina, mas que a responsabilidade não foi sua.
Segundo a empresa, os trabalhos de remoção dos resíduos e sua destinação final estavam a cargo de empresas contratadas.

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