São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Família toda foi contaminada

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O operador da unidade de tetracloreto de carbono, Paulo Sérgio Thomaz, 42, começou a sentir os primeiros sintomas da poluição após cinco anos de trabalho.
"Eu tinha crises de choro, náuseas, insônia, tonturas e dores de cabeça", disse.
Laudo do instituto Adolfo Lutz comprovou a presença de HCB (hexaclorobenzeno) no sangue de Thomaz, de sua mulher e seus dois filhos. "Minha família foi contaminada pela roupa que eu trazia para lavar em casa", disse.
"Na época, os médicos da Rhodia me disseram que era uma crise nervosa passageira. Hoje sou dependente de medicamentos",diz.
Também com resíduos de HCB no sangue, José Nepomuceno, 48 -há 19 anos na Rhodia- apresenta diagnóstico de hepatite crônica de origem tóxica, atestada pelo Adolfo Lutz.
"Além disso, fui operado sete vezes para retirada de infecções de pele provocadas por agentes químicos que vazavam na unidade", afirmou.
Para retirada de infecções semelhantes, o analista de custos Francisco Moura Filho, 41, realizou 48 operações no hospital Oswaldo Cruz de Cubatão.
"Com 10 meses no setor, procurei o médico da empresa para reclamar de tonturas, crises de choro e dores do lado esquerdo do pulmão. Eles mandaram que eu trocasse de colchão", afirmou.
Exames feitos no Adolfo Lutz atestaram HCB em seu sangue e corrosão química na laringe e pulmão esquerdo.
Nepomuceno, que chefiava o setor de transportes, afirma que 15.000 toneladas de produtos tóxicos "in natura" foram enterrados clandestinamente no terreno da indústria.
A Rhodia afirma que "não foram encontradas, até o presente momento, alterações que possam ser atribuídas especificamente ao HCB".
Nas próximas duas semanas, a Rhodia afirma que entregará "para as autoridades do meio ambiente um estudo da situação atual de cada um dos depósitos existentes".

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