São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Klabin reduz custos em US$ 9 milhões

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

(continuação)
NOVO ESTILO
O PKQT é um processo permanente de qualidade total. Para a Klabin, a qualidade total é uma maneira de administrar a empresa com a finalidade de obter não somente a melhoria da qualidade de seus produtos, mas também o aumento da produtividade e competitividade.
A busca constante da qualidade total não é apenas um modismo. Hoje é um fator essencial de sobrevivência. Queremos que todo o processo produtivo da Klabin do Paraná transcorra com qualidade da semente da árvore ao papel, porque o nosso negócio é fazer papel com a maior qualidade e com o menor custo.
EQUIPE
O meio para se chegar ao melhor resultado na busca de qualidade máxima é o trabalho em equipe. Defendo o esforço conjunto para um fim comum, que é a satisfação dos clientes, empregados e acionistas do grupo Klabin.
O processo leva a um novo estilo gerencial com a participação e envolvimento de todos os membros da empresa. Cria um espírito de equipe que começa a crescer bastante e os problemas deixam de ser problemas localizados para serem problemas do grupo todo.
A qualidade total compreende não apenas o produto final, mas também os processos de produção, abrangendo todas as ações e pessoas da organização e até algumas fora dela, como por exemplo, os fornecedores.
ENTUSIASMO
A qualidade total gera uma grande interação departamental e aumenta muito o entusiasmo de todos os membros da empresa. Isso traz muitos ganhos. Cada problema por menor que seja passa a ser um projeto para ser analisado por todo o grupo.
Cada projeto resolvido acaba com um problema. A partir daí, a visão e o sentimento de qualidade na empresa começa a crescer. Com um processo de qualidade total implantado há pouco mais de três anos, ainda é cedo para se falar de ganhos de produção. Mas temos alcançado ganhos de qualidade.
ESTRUTURA
O PKQT segue o modelo japonês conhecido como Sistema Juran de Qualidade Total e é composto por um sistema da qualidade ISO-9000, círculos de controle da qualidade e controle estatístico de processo.
O processo é coordenado por um conselho da qualidade. É através dele que se dá o envolvimento da cúpula da empresa na questão da qualidade.
Para o sucesso de qualquer programa de qualidade é preciso que ele parta de toda a cúpula da empresa. Os programas de qualidade não dependem só dos operários. Eles dependem, sobretudo, dos diretores.
MODELO JURAN
O PKQT tem como modelo o sistema Juran de melhoria de qualidade. Minha escolha recaiu sobre o sistema Juran, um dos grandes responsáveis pelo rápido progresso no Japão, porque sua tecnologia envolve as pessoas.
As pessoas passam a ser os instrumentos de solução e não autômatos. Há inicialmente uma mudança nas pessoas no sentido da qualidade. Acho que o programa fica mais forte quando as pessoas mudam voluntariamente seu comportamento na busca da qualidade e não em obediência a lei, decreto ou medida provisória...
O método Juran busca a melhoria dos processos em uso através da identificação de problemas e de sua eleição para transformação em projetos de melhorias.
SINTOMAS E SOLUÇÕES
A partir da identificação daquilo que chamamos sintomas de um problema, o conselho da qualidade estabelece uma missão a ser abordada por uma equipe de projeto.
Essa equipe recebe, por sua vez, a denominação de grupo de qualidade total. Cada equipe de projeto é composta por seis a oito membros que possam contribuir para a solução do problema, independentemente das áreas de atuação.
Entre esses membros, um é o líder, escolhido pelo conselho da qualidade, e outro é designado como secretário. A equipe recebe o apoio de um facilitador, que é uma pessoa com profundo conhecimento da metodologia Juran.
ATAQUE AOS PROBLEMAS
No sistema Juran, o ataque aos projetos na busca de soluções para os problemas obedece a uma sequência universal da melhoria.
A sequência segue quatro etapas: prova da necessidade, jornada do diagnóstico, jornada da solução e manutenção dos ganhos.
A prova da necessidade consiste na coleta de dados e de sua análise, de modo a estabelecer a projeção de melhorias possíveis e redução de custos.
A jornada do diagnóstico consiste na identificação das causas do problema abordado e na identificação das barreiras à sua solução.
A jornada da solução consiste na geração de respostas para a superação das causas e barreiras identificadas na etapa anterior.
A manutenção dos ganhos consiste em acompanhar os resultados da implementação das soluções.
VOLUNTÁRIOS
Outro instrumento importante do PKQT são os círculos de controle da qualidade, que é um sistema de melhoria da qualidade composto por equipes de voluntários nos seus próprios departamentos.
Os círculos se reportam a conselhos da qualidade departamentais e também se utilizam das ferramentas da metodologia Juran.
CARTA DE CONTROLE
Outro elemento do PKQT é o controle estatístico do processo, que é um método sistemático de análise de dados estatísticos e informações, usado no controle de operações.
Ele se utiliza de ferramentas estatísticas para resolver problemas de qualidade.
Quando um processo de fabricação está sob controle estatístico é possível prever que as especificações exigidas do produto sejam atendidas. Todo processo produtivo é afetado por muitas variações e o objetivo do controle estatístico do processo é controlar essas variações.
Para isso, ele se utiliza de sua principal ferramenta, a carta de controle, através da qual o pessoal envolvido na operação interpreta, de forma descomplicada, os dados estatísticos, comparando as variações.
AÇÃO CORRETIVA
Os gráficos consolidados na carta de controle permitem, imediatamente, a detectação de qualquer anormalidade, possibilitando a pronta ação corretiva.
As cartas de controle fornecem ao pessoal envolvido informações confiáveis de quando agir e de quando não agir.
O controle estatístico do processo se utiliza muito também da filosofia de controle por prevenção, em vez do controle por detecção, caso em que o produto é inspecionado após ser produzido.
A Klabin entende que o ideal é analisar antes e durante e, se necessário, ajustar o processo imediatamente a fim de minimizar a possibilidade de produzir um determinado produto com defeito. Chamamos isso de controle por prevenção.
ABRIR OS OLHOS
O grupo Klabin vê seu sistema de qualidade total como permanente porque o Brasil ficou parado em termos de qualidade até 1989. Quando o ex-presidente Collor acabou com o CIP (Conselho Interministerial de Preços) -uma das poucas coisas boas que ele fez- isso fez com que as empresas abrissem os olhos para a qualidade.
Em vez de administrar receitas, as empresas passaram a administrar custos. E, com isso, começaram a ver que existem muitas falhas de qualidade.
Quando o CIP caiu o preço deixou de ser atrelado a uma tabela e passou a ser determinado pela sua capacidade de oferecer um produto de qualidade ao cliente.
As empresas tiveram que olhar para dentro, identificar os erros para poder melhorar a margem de lucro, através do controle de custos e aumento da produtividade.
A abertura do mercado nacional às importações foi um outro fator que fez com que as empresas despertassem para o fato de que passariam a competir numa arena diferente, onde só sobrevive quem tem qualidade.
TREINAMENTO
O PKQT também se preocupa muito com a melhoria de nosso pessoal. O envolvimento da área de recursos humanos no PKQT deu-se intensamente desde os primeiros dias da implantação do processo na Klabin do Paraná.
Os gastos com treinamento, no período 1991-93, alcançaram a cifra de US$ 2,8 milhões.
Um total de 3.207 funcionários participaram de cursos e palestras desde o início do PKQT, com mais de 7 mil horas de treinamento contabilizadas.

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