São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Dossiê acusa quatro pela morte de Senna

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça italiana prepara o indiciamento de quatro pessoas sob acusação de prática de homicídio culposo (sem intenção), contra o piloto Ayrton Senna, ocorrida no último dia 1º de maio, no GP de San Marino, na Itália.
Os acusados serão denunciados na primeira semana de setembro pelo Procurador da República Maurizio Passarini, de Bolonha -e enquadrados no artigo 575 do Código Penal Italiano, que prevê pena de até seis anos de reclusão.
Essas informações constam de dossiê que o delegado Romeu Tuma Jr., assessor especial da Interpol, entrega amanhã ao governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho. A Folha teve acesso com exclusividade ao relatório.
O documento mostra todo o inquérito que a Justiça italiana apurou sobre a morte de Senna. Para fazê-lo, Tuma Jr. gastou dez dias de investigações nas cidades de Lyon, na França, e em Roma, na Itália. Em seu relatório, ele fez uma série de anotações sobre as imperfeições da pista.
No relatório, os apontamentos estão sobre uma foto do acidente, anexada ao inquérito e feita pela revista italiana "AutoSprint".
Diz Tuma Jr. que um grupo de 17 pessoas, entre eles o presidente da equipe de Senna, Frank Williams, já receberam notificações da Justiça, informando que estavam sendo investigadas.
"Mas os indiciamentos preparados são contra o responsável pela suspensão do carro, contra o engenheiro de dirigibilidade, contra o responsável pela pavimentação da pista e contra o diretor do autódromo", disse Tuma Jr., sem revelar os nomes. Indiciar significa coletar provas suficientes, contra alguém, para depois remetê-las à Justiça, pleiteando condenação.
O documento elaborado pelo delegado Romeu Tuma Jr. abre revelando declarações bombásticas do procurador Maurizio Passarini, do diretor de polícia de estradas, Marcelo Gentile, e do superintendente de estradas, Stefani Stefano.
Dizem eles no inquérito italiano que: não houve falha humana na morte de Senna; o piloto brasileiro não teve problemas físicos que justificassem uma falha sua no pilotar do carro; Senna morreu em virtude de uma falha mecânica da Williams, "potencializada" pelas falhas encontradas pela polícia na pista de Ímola –que até agora está fechada, segundo a Justiça italiana "em processo de sequestro".

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