São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Impasse paralisa União Européia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os chefes de governo dos 12 países-membros da União Européia (UE) encerraram em impasse o encontro de cúpula de dois dias em Corfu (Grécia).
Eles não conseguiram escolher o sucessor do francês Jacques Delors como presidente da Comissão Européia. O Reino Unido vetou o nome do premiê belga, Jean-Luc Dahaene, que tinha apoio dos demais.
O chanceler (primeiro-ministro) alemão, Helmut Kohl, convocou um novo encontro para 15 de julho em Bruxelas.
No dia 1º a Alemanha assume a Presidência rotativa da UE. Kohl apóia Dehaeme. No dia 9 toma posse o novo Parlamento Europeu.
O premiê hplandês, Ruud Lubbers, disse que Kohl terá que convencer Major ou indicar um novo candidato à Presidência da Comissão Executiva. Lubbers também queria o cargo, mas retirou a candidatura para facilitar um acordo.
Dahaeme disse que Londres se opõe a seu nome "por razões de princípio, e não pessoais"e recomendou aos jornalistas que o entrevistavam que interrogassem Major sobre seus motivos.
Com a retirada de Lubbers, John Major ficou isolado. "Não estou perturbado pela aritmética de 11 a 1 num assunto em que deveria haver acordo e consenso", afirmou o premiê britânico.
John Major ficou isolado também em Londres, onde o governo do Partido Conservador enfrenta uma séria crise.
"O uso do veto mostra a fraqueza da posição de Major na Europa e o medo que ele tem dos eurocéticos em seu próprio partido", comentou Jack Cunningham, do Partido Trabalhista (de oposição).
Lorde Tebbit, ex-assessor de Margaret Thatcher, a antecessora de Major, falou pelos eurocéticos (políticos que defendem uma Europa menos unida, em nome da soberania nacional).
Ele disse que Major deve ficar firme "e mais cedo ou mais tarde um candidato de compromisso pode aparecer". Lorde Tebbit acusou França e Alemanha de tenatarem impor o nome de Dahaene.
Para o presidente francês, François Mitterrand, Major lançou a Europa numa crise. "Eu não vejo por que nós deveríanos abandonar um candidato que recebeu apoio quase unânime", afirmou.
Mitterrand disse que a posição do premiê britânico traz o risco de reacender o debate sobre os propósitos básicos da UE, entre os que favorecem a integração e aqueles que querem limitá-la a uma zona de livre comércio.
Dahaeme é visto por Major como um burocrata que pretende fazer as regulamentações da UE limitarem a soberania dos países-membros.
Na sexta-feira, o premiê britânico deixou de lado a candidatura de sir Leon Brittan, comissário de comércio, em nome da do holandês Lubbers, na tentativa de oferecer uma alternativa a Dahaeme. Mas não obteve apoio.
Nascido na França durante a ocupação da Bélgica pelos nazistas, em 1940, Dahaeme, 53, ocupou a Presidência rotativa da UE no ano passado e é considerado um político hábil.
Enquanto no cargo, ele supervisionou com sucesso a entrada em vigor do controvertido Tratado de Maastricht (que prevê os passos para a unificação política e monetária do continente).

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