São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Reação à violência policial iniciou movimento

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Em 1969, casais do mesmo sexo, mesmo que dançando por alguns minutos em um bar obscuro, eram proibidos por lei no Estado de Nova York.
A polícia marcava com as inicias }QB (}queer bar, ou bar de homossexuais) os mapas que orientavam as batidas noturnas contra gays e lésbicas.
Na noite do dia 27 de abril de 1969, uma sexta-feira, a polícia fez uma dessas batidas no bar Stonewall Inn, no número 35 da Christopher Street, no Greenwich Village.
O Stonewall Inn vendia bebidas sem licença, tinha copos sujos e uma pista de dança mal iluminada.
Travestis, gays e lésbicas formavam o público local. Por volta da meia-noite, seis policiais entraram pedindo documentos e agredindo os frequentadores, como de costume.
Ninguém sabe ao certo como o tumulto começou, mas alguém começou a berrar que as algemas estavam apertadas demais enquanto um travesti conseguia escapar de um camburão.
Em menos de 15 minutos havia mais de 200 homossexuais, frequentadores da Christopher Street, atirando pedras, moedas, garrafas e lixo contra a polícia.
Acuados, os policiais trancaram-se dentro do bar e sacaram as armas quando alguém estilhaçou com uma lata de lixo a enorme vidraça da fachada do Stonewall Inn.
Reforços foram chamados e dezenas acabaram presos naquela noite. Mas um número muito maior de homossexuais apareceu na noite seguinte.
Armados com pontas de ferro, espetavam as ancas dos cavalos dos policiais e dobravam a violência. Brigavam e cantavam: }Somos as garotas de Stonewall, usamos cachos nos cabelos, não usamos roupas de baixo, mostramos os pêlos púbicos. Houve novas prisões.
No domingo, os homossexuais voltaram, mas a polícia nunca mais apareceu.(FCz)

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