São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Exército russo volta a desfilar em Berlim

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cerca de 1.500 soldados russos fizeram um desfile ontem pelas ruas de Berlim. Foi a primeira parada desse tipo desde que tropas da URSS derrotaram as defesas nazistas e conquistaram a cidade, em abril de 1945.
Também foi o último desfile antes que a Rússia retire as unidades remanescentes de suas tropas de ocupação na Alemanha, em setembro próximo.
A cerimônia foi marcada por disciplina rígida, diferentemente das realizadas recentemente nas solenidades de despedida das tropas das outras potências que ocuparam Berlim no pós-guerra (EUA, Reino Unido e França).
Cerca de 40 mil pessoas assistiram ao desfile da Quarta Brigada Motorizada.
"Pagamos um alto preço liberando a Alemanha e Berlim dos fascistas", disse o general Matvei Burlakov aos espectadores da marcha e aos mais 1.500 soldados russos.
A partida da tropas da extinta União Soviética que estão na também ex-Alemanha Oriental desde 1945 causou controvérsias.
Os russos queriam realizar uma marcha conjunta com seus aliados na época da Segunda Guerra –Estados Unidos, Reino Unido e França.
Mas os aliados não concordaram, relutantes, como muitos alemães e especialmente os moradores de Berlim Ocidental, em esquecer o papel da tropas soviéticas na manutenção da divisão da cidade pelo Muro de Berlim.
O major-general Iuri Makarov, comandante da Guarda Motorizada, disse em entrevista ao jornal "Neues Deutschland" que a parada seria apenas a segunda vez desde o fim da Segunda Guerra que os russo fariam um marcha cerimonial pelas ruas de Berlim.
A parada militar foi menor que a dos aliados ocidentais, que aconteceu na semana passada. Na ocasião, mais de 75 mil berlinenses participaram da cerimônia de despedida.
Além disso, os modernos tanques T-72 não puderam participar dos desfiles. Por causa do peso dos blindados, o governo alemão exigiu o pagamento dos danos que eles causariam às ruas.
O prefeito de Berlim adotou uma postura conciliadora, apesar do constrangimento causado pelo anos de Guerra Fria, que fizeram muitos alemães encararem as tropas soviéticas como sinônimo da manutenção do comunismo do lado oriental do Muro.
"Seus pais e avós vieram como vencedores e libertadores para a nossa cidade. Eles acabaram com a tirania, abriram campos de concentração e perseguiram criminosos nazistas", disse Eberhard Diepgen.
Entre os 1.500 soldados estavam 14 veteranos que participaram da batalha de 1945.
No auge da Guerra Fria, o contingente soviético chegou a 375 mil soldados. Os remancescentes deixam a Alemanha definitivamente em setembro.
Há duas cerimônias oficiais de despedida previstas. A dos russos será dia 31 de agosto e a dos aliados ocidentais, dia 8 de setembro.
Ambas são patrocinadas pelo governo alemão e contarão com presença dos chefes de Estado dos países envolvidos.

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