São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Homossexuais fazem sua maior passeata

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Acontece hoje em Nova York a maior manifestação de homossexuais da história.
A passeata "Stonewall 25" pretende marcar os 25 anos do episódio considerado o início do movimento gay norte-americano (ver texto nessa página) e somar aproximadamente 1 milhão de pessoas.
A marcha começa em frente às Nações Unidas. Haverá manifestação para que lésbicas, gays, bissexuais, drag-queens e transexuais em geral, assim como portadores do vírus da Aids, sejam tratados de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, segundo os organizadores.
Após a concentração em frente à ONU, a passeata sobe em direção ao Central Park, onde culmina com uma série de shows, discursos e apoteoses de todos os tipos.
O evento coincide com o fim dos Gay Games (4ª olimpíada dos homosexuais), que terminaram ontem depois de uma semana de jogos que reuniram mais de 10 mil atletas e 500 mil pessoas em Nova York.
Apesar da concentração em frente à ONU, a passeata é encarada como a celebração do movimento homossexual norte-americano, que conquistou uma liberdade inimaginável há 25 anos –quando policiais perseguiam homossexuais em bares e a Sociedade Americana de Psiquiatria classificava a homossexualidade como doença mental.
Mais de 250 festas para gays e lésbicas aconteceram na cidade essa semana. Várias ruas da cidade, vagões de metrô e parques ficaram repletos durante a semana com homossexuais que participaram dos Gay Games, realizados em mais de 30 diferentes locais de Nova York.
Nenhum incidente grave envolvendo molestamento contra homossexuais foi registrado durante toda a semana. A cidade mostrou uma tolerância enorme com esse público.
Pesquisa divulgada na semana passada pela empresa Yanklovich Partners revelou que 52% dos nova-iorquinos (heterossexuais) aceitam o comportamento homossexual. Em pesquisa semelhante realizada em 1978, essa taxa era de apenas 35%.
Além disso, 31% dos mais de 800 entrevistados afirmaram que o Estado de Nova York deveria reconhecer o casamento entre homossexuais.

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