São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Agora, o real e a TV

MARCELO BERABA

SÃO PAULO – A entrada em vigor do real a partir desta sexta-feira marca o início de uma nova etapa na disputa presidencial.
Lula termina a primeira fase em situação bastante confortável. A pesquisa Datafolha feita entre 9 e 13 de junho –o último retrato da campanha antes do real– mostra que ele lidera em todos os segmentos em que as pesquisas costumam ser divididas.
Há alguns em que Lula já vinha bem e continuou crescendo num espaço de apenas 15 dias.
Exemplos: no Nordeste, pulou de 43% para 48%; nas regiões Norte e Centro-Oeste, de 38% para 45%; e entre os que dizem que não têm partido, de 30% para 34%.
Há dois registros de crescimento neste período de duas semanas (entre a pesquisa de 23 e 24 de maio e a de junho) que valem destaques.
Na faixa dos que têm 60 anos ou mais, Lula pulou de 24% para 31%. É um segmento pequeno eleitoralmente (10%), que inclui os aposentados, mas com poder de mobilização e influência.
O outro destaque é na faixa dos que não fazem parte da chamada População Economicamente Ativa (PEA), que equivale a aproximadamente um terço do eleitorado (estudantes, aposentados, donas-de-casa). Nessa faixa, Lula passou de 33% para 38%.
Em compensação, ele vem perdendo votos na faixa dos que têm curso superior, mesmo que incompleto (cerca de 8% dos eleitores). Lula caiu de 42% para 37% e Fernando Henrique Cardoso cresceu muito, de 23% para 30%.
Lula tem, há três meses da eleição, índices melhores do que os de Collor em 89. Lidera em todas as regiões e nos Estados puxa votos em "dobradinha" com líderes nas disputas estaduais, mesmo que sejam de outros partidos.
Esse é o retrato da campanha neste momento. Não é, no entanto, definitivo, apesar da ampla vantagem de Lula.
Há dois fatos na agenda impossíveis de terem suas consequências eleitorais medidas desde agora, mas que certamente influenciarão a disputa: o real e, a partir de 3 de agosto, o início do horário eleitoral gratuito nas rádios e TVs.
Por enquanto, são os únicos fatores capazes de alterar o curso desta eleição.

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