São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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FHC diz que supera Lula no 1º turno

EMANUEL NERI
ENVIADO ESPECIAL A POÇOS DE CALDAS (MG)

O candidato da coligação PSDB-PFL-PTB, Fernando Henrique Cardoso, disse ontem que a e expectativa criada em torno do real poderá levá-lo a superar o petista Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno da sucessão presidencial.
"Vamos lutar para isso. Eu não gosto de ser presunçoso. Mas dando certo (o real) cria-se confiança no Brasil", afirmou. Toda a campanha de FHC está vinculada agora ao êxito do real. Já existe material de campanha associando o candidato à nova moeda.
O candidato do PSDB fez pelo segundo dia consecutivo campanha em Minas Gerais. Depois de Poços de Caldas (450 km ao sul de Belo Horizonte), ele visitou Varginha. FHC foi a uma agência do Banco do Brasil trocar cruzeiro real por real.
FHC rechaçou as críticas da Fiesp (Federação da Indústrias do Estado de São Paulo) de que sua campanha eleitoral não deve ser vinculada ao real. "É impossível. É a mesma coisa de dizer que Roberto Marinho não está ligado à TV Globo ou o Lula não está ligiado ao movimento sindical", declarou.
O candidato voltou a chamar Lula e os outros candidatos presidenciais de "profetas do caos". Ele também condenou os prefeitos de cidades que aumentaram as passagens de ônibus urbanos na véspera da implantação do real.
Para ele, há "sabotagem" dos prefeitos contra o real. Entre os prefeitos que aumentaram as tarifas está Paulo Maluf, de São Paulo, de quem o candidato tucano tentou obter apoio no início de sua campanha eleitoral.
"O governo federal congelou todas as suas tarifas por 12 meses. Os prefeitos têm que fazer a mesma coisa", afirmou. "Os prefeitos têm que ter argumento claro para dizer porque houve o aumento. Se foi só em função de especulação é uma coisa que sabota o plano".
Bem-humorado, FHC percorreu as ruas centrais de Poços de Caldas. Entrou em uma loja e tomou um copo de vinho chamado "vinho do amor". "Qual é a consequência?"', perguntou ao dono da loja. "Deixa todo mundo apaixonado", respondeu o lojista. Ganhou uma garrafa de presente.
No Banco do Brasil, FHC trocou CR$ 20 mil por 7,27 reais. "Tá certo ou fui roubado?", perguntou, depois, aos repórteres.
O candidato deu vários autógrafos em cédulas de um real. Muitos deles foram dados a um grupo de chineses que vive em São Paulo.
FHC se queixou da falta de dinheiro em sua campanha. Atribuiu essa dificuldade à demora na liberação dos bônus que são trocados por doações financeiras. O presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, disse que até agora foram arrecadados apenas 15% dos US$ 75 milhões previstos inicialmente.
Pimenta da Veiga informou que avaliações feitas pelo comando de campanha indicam que haverá uma bipolarização já no primeiro turno entre Lula e Fernando Henrique.
Segundo ele, essa avaliação, baseada em pesquisas, indica que as candidaturas de Orestes Quércia (PMDB) e Leonel Brizola (PDT) não têm chances de crescimento significativo.

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