São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Rádio vai ser a vedete do horário eleitoral

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A conversa ao pé do ouvido terá um papel fundamental na conquista de votos nessas eleições. As restrições impostas à TV e os novos horários de veiculação do programa eleitoral vão transformar o rádio na vedete da disputa entre os candidatos.
"O rádio poderá usar gravações externas, como o som de comícios, e músicas que não sejam o 'jingle' do partido", explica o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Carlos Mário Velloso, relator da instrução que regulamenta os programas gratuitos.
Velloso explica que as restrições previstas na Lei Eleitoral (artigo 76) se aplicam apenas à TV. Entre elas está a obrigatoriedade de realizar os programas em estúdio.
O rádio também ganhará destaque porque, pela primeira vez, dedicará seus dois horários nobres ao programa eleitoral.
A propaganda dos candidatos no rádio será veiculada das 7h às 8h e das 12h às 13h, períodos em que a audiência é maior que a da TV.
Nas eleições anteriores, os programas no rádio iam ao ar pela manhã e à noite, quando a TV ganha em número de espectadores.
Audiência de 95%
Pesquisa do Datafolha na Grande São Paulo, em outubro de 93, indicou que 95% dos entrevistados têm o hábito de ouvir rádio.
O levantamento mostrou que a audiência se concentra no período de 6h às 12h (65%) e das 12h às 18 (48%). No intervalo de 18h às 24h a audiência cai para 39%.
A maioria dos candidatos à Presidência decidiu dar um tratamento especial ao rádio, antes mesmo do início do horário eleitoral gratuito.
O presidente do PDT, Neiva Moreira, diz que Leonel Brizola dá entrevistas por telefone quase todos os dias para alguma rádio.
A coordenação da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dá prioridade ao rádio em relação aos outros veículos de comunicação.
"A campanha de 89 nos ensinou que o rádio é o grande meio de difusão de informação no interior do país", afirma Ricardo Kotscho, assessor de imprensa de Lula.
Kotscho diz que, há mais de um ano, marca até dez entrevistas de Lula para rádios por semana.
O assessor de imprensa de Esperidião Amin (PPR), José Carlos Soares, diz que foi orientado pelo candidato a atender todas as solicitações de rádios para entrevistas.
A experiência, segundo ele, demonstra que a estratégia é correta. Na semana passada, por exemplo, Amin deu entrevista ao programa "Revista Nacional", da rádio Nacional, que entra em rede e atinge emissoras em vários Estados.
No período que ficou no ar, ele respondeu a perguntas feitas ao vivo de Santa Catarina e da Bahia.
Locutor
Orestes Quércia (PMDB) também concede atenção especial ao rádio. Seus assessores acreditam que sua intimidade com o veículo contará pontos no horário eleitoral.
Na década de 60 Quércia foi locutor de uma rádio de Campinas. Quando foi governador de São Paulo, voltou às origens com o "Bom Dia Governador", programa sobre sua administração que ia ao ar três vezes por semana.
Brizola tem uma longa história com o rádio, que começa no final da década de 40 com a apresentação de alguns programas.
Quando era prefeito de Porto Alegre (eleito em 55) ocupava o rádio semanalmente para prestar contas de sua gestão.
E foi através desse veículo que ele protagonizou um dos momentos marcantes de sua carreira política: a formação da rede da legalidade, em 1961, quando era governador do Rio Grande do Sul.

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