São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Líder incentiva invasão das próprias terras

XICO SÁ
DO ENVIADO ESPECIAL

O engenheiro Bruno Maranhão, líder do Movimento por Terra, Trabalho e Liberdade, pertence a uma das famílias que dominam os latifúndios no Nordeste.
Uma invasão do grupo, feita há dois anos, em Pernambuco, na usina Massauassu, prejudicou justamente a família Maranhão.
Negociação suspensa
Proprietária de uma usina e de uma destilaria, a família estava negociando o arrendamento, para plantio de cana-de-açúcar, das terras da Massauassu. Com a invasão, o negócio foi suspenso.
Em Pernambuco, os dirigentes do novo movimento dos sem-terra não descartam invasões na propriedade da própria família Maranhão.
O engenheiro Bruno, 54, mora atualmente em São Paulo, de onde dirige o grupo "Brasil Socialista", formado por integrantes do ex-PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário.
O grupo faz parte da tendência petista "Na Luta PT", classificada como de extrema-esquerda.
O grupo "Na Luta PT" é composta por uma salada de tendências radicais: trotskistas, marxistas dogmáticos e até mesmo por integrantes de grupos que ainda preferem se manter na clandestinidade.
Vive bem
Apesar de estimular a invasão de terras de suas famílias, Bruno Maranhão conta que convive bem com seus parentes.
"Respeitamos as nossas diferenças", diz Maranhão. "Mas prefiro não falar sobre esse assunto", desvia.
A defesa de interesses contrários aos de sua família é uma herança dos tempos da juventude e se mantém até hoje.
Enquanto Bruno milita na extrema-esquerda, o seu irmão, Gustavo Maranhão, é um dos líderes dos usineiros pernambucanos.

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