São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994 |
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Médico responde sindicância sobre aborto
LUCIANA CAMARGO E RICARDO FELTRIN
O diretor do Instituto de Medicina Fetal de São Paulo, Thomaz Gollop, recebe esta semana questionário enviado pelo 6º promotor de Justiça de Santo André, Marcelo Milani. O questionário é parte da sindicância aberta contra Gollop há uma semana. O motivo foi entrevista à Folha na qual o médico declarou ter feito aborto em um feto malformado "com chances de sobrevivência". O aborto foi realizado em maio, a pedido de uma moradora de Santo André, cujo nome não é revelado por questão ética. A autorização foi concedida 24 horas após ter sido feito o pedido. Segundo Milani, para obter a autorização, Gollop assinou documento no qual afirmava que o feto era portador de anomalia irreversível, sem chances de sobrevivência. Não há prazo definido para que Gollop responda ao questionário. À Folha, ele afirmou que o feto tinha chance de sobreviver "por horas, dias ou semanas". "Queremos saber, afinal, se o feto tinha ou não chances de sobreviver. Não existe meio termo para vida", diz Milani, 36. Ele diz que, se ficar comprovado que o médico "omitiu informações", ele será processado. Outro ladoO médico Thomaz Gollop, também presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Fetal, afirmou que vai "responder a todas as perguntas da Justiça" e que vai "repetir as mesmas justificativas usadas para obter a autorização solicitada pelo casal de Santo André". "Tratava-se mesmo de um feto incompatível com a vida. Só que nenhum médico pode prever em que momento exato ele irá morrer", disse o médico. A polêmica sobre aborto em fetos malformados –conhecido tecnicamente como aborto eugênico– começou há três semanas com entrevista de Aníbal Faundes, diretor do Caism (Centro de Assistência Integral à Mulher) –entidade ligada à Unicamp–, à Folha. Faundes admitiu ter realizado abortos em fetos malformados. Segundo o Código Penal, só é permitido o aborto em casos de estupro ou quando a gestação põe em risco a vida da mulher. Texto Anterior: Daniela Mercury grava disco ao vivo em Montreux Próximo Texto: Para CRM, 'lei é ultrapassada' Índice |
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