São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994 |
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Transações são feitas com ouro
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM O lançamento do real não será suficiente para substituir as "moedas" que prevalecem no município paraense de Novo Progresso, afirma o prefeito Ney Alves Prazeres, 30, do PMDB.A cidade, localizada a 1.600 quilômetros a sudoeste de Belém, é terra de garimpos e fazendas. O município tem a carne e o ouro como referências na maioria das transações comerciais. Novo Progresso foi criado há menos de dois anos. A cidade tem hoje cerca de 15 mil habitantes. Localiza-se na divisa entre os Estados do Pará e do Mato Grosso. Segundo o prefeito Prazeres, quando algum habitante da cidade fecha um contrato de serviço, por exemplo, sempre fixa o preço em gramas de ouro ou em quilos de carne. "Uma pessoa faz uma limpeza no pasto de uma fazenda e recebe o equivalente a cinco gramas de ouro que desconta nas lojas compradoras de ouro", conta Ney Alves Prazeres. Sem banco O prefeito diz que a prefeitura tem uma receita de apenas CR$ 60 milhões. Com esses recursos, diz ele, o município não tem condições de pagar os custos de transporte da nova moeda, já que em Novo Progresso não existem agências bancárias. "Cada passagem de avião custa mais de CR$ 500 mil, o que pesa no bolso de uma prefeitura nova e pobre", reclama ele, ainda raciocinando na moeda antiga. O prefeito afirma que dificilmente Novo Progresso vai mudar seus hábitos. Apesar da mudança da moeda, "o ouro e a carne continuarão a prevalecer no município". Mudança O superintendente-adjunto do Banco do Brasil em Belém, João Henrique Leão, discorda. Ele acha que a rotina de Novo Progresso vai mudar. "Eles estão acostumados a uma inflação maluca, mas vão mudar de opinião com uma moeda forte. Tudo será regido pelo real", afirmou. Texto Anterior: No Pará, falta dinheiro para levar o real Próximo Texto: Fernando de Noronha recebe 20 kg de reais Índice |
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