São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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No Pará, falta dinheiro para levar o real

ABNOR GONDIM
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Onze prefeituras do Pará informaram ao Banco do Brasil, em Belém, que não têm quantidade suficiente de cruzeiros reais para pagar os custos da chegada do real a seus municípios por meio de aviões fretados.
O encargo fica para as prefeituras porque o Banco do Brasil distribui o dinheiro somente em localidades onde há agência bancária.
O superintendente-adjunto do BB, João Henrique Leão, 52, diz que o Banco Central estabeleceu como obrigação das prefeituras assegurar o transporte da nova moeda.
Apesar disso, ele diz acreditar que em casos de prefeituras pobres a ajuda do governo federal é indispensável.
"Os funcionários do Banco do Brasil não aceitam viajar em barcos, mas nós não temos dinheiro para fretar avião", afirmou a vice-prefeita Maria Gorete Xavier, de Aveiro (900 km a oeste de Belém).
A superintendência do BB informou que exige apenas viagens fluviais seguras, como a realizada numa embarcação do Exército para atender a agência bancária do município de Alenquer (PA), que fica na margem esquerda do rio Amazonas e cuja pista de pouso está danificada.
Leão disse que está tentando negociar uma solução com as prefeituras. Mas há dificuldades de contato devido à deficiência ou ausência de telefonia urbana.
Em Aveiro, por exemplo, a comunicação por telefone é feita pelo único posto de serviço da Telepará.
O município tem 15 mil habitantes, receita mensal de cerca de CR$ 98 milhões (R$ 35.636,36), 80% dos quais comprometidos com o pagamento de 350 servidores, informou a vice-prefeita. "Não sobra quase nada", afirmou.
Situado às margens do rio Tapajós (oeste do Pará), Aveiro teria acesso terrestre pela rodovia Transamazônica.
Mas nesta época do ano, em que chove bastante no Estado, a rodovia fica intransitável.
Em outros municípios do oeste do Pará, como Jacareacanga e Novo Progresso, não há sequer um posto de serviço telefônico.
A comunicação é feita por rádios de empresas particulares que prestam serviços aos garimpos da área.
O real também chegará com atraso à ilha do Marajó (norte do Pará). Lá, o acesso também só é possível por avião ou em embarcações desconfortáveis e inseguras, nas quais a viagem dura alguns dias.

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