São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Para consumidor, CR$ ainda é o parâmetro

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O parâmetro de preço para o consumidor ainda é o cruzeiro real. Ontem, quem foi às compras no centro de São Paulo viu as lojas repletas de etiquetas em reais.
Antes de comprar qualquer produto, porém, o cliente quis saber o valor dele na velha moeda.
"O consumidor está muito inseguro", afirma João Jorge Neto, gerente da Lojas Brasileiras da rua Direita.
Na Lojas Marisa, que fica na esquina das ruas Direita e São Bento, vendedoras faziam conversão de preços em reais para cruzeiros reais para boa parte dos clientes.
"Tem até consumidor que não quer levar real para casa", diz uma vendedora da Marisa que não quer ser identificada. Esta loja, ontem, dava troco em reais.
A Casas Pernambucanas, que fica a poucos metros da Marisa, decidiu colocar um caixa só para clientes que queriam comprar com cruzeiros reais. Outro só para trabalhar com o reais.
Na Calçados Clóvis, na esquina das ruas Quintino Bocaiuva e José Bonifácio, alguns clientes achavam que as etiquetas de preços só estavam com menos zeros.
O gerente Charleston Cordeiro conta que vários consumidores tentaram pagar um par de sapatos que custava R$ 9,90 com duas notas de CR$ 5.000,00.
"A maioria deles está completamente sem noção de preços." Ontem, nessa loja o produto mais procurado foi o chinelo Rider, que custava R$ 2,90.
Na Brasileiras, o gerente Jorge Neto decidiu fazer um banco de troca de moeda para os clientes. Quem tem cruzeiros reais pode trocar por reais.
A falta de moedas em reais continuou ontem. A Lojas Americanas da rua Direita decidiu dar mais troco em cruzeiros reais.
Dário Motta, gerente, informa que nesta loja o cliente também só quer saber de preços em cruzeiros reais e por isso não reclama de levar a velha moeda para casa.
Para solucionar a falta de troco, Josué Galdêncio, proprietário da banca Misericórdia está dando ficha telefônica de troco. Cada uma custa R$ 0,05 nesta banca.
"Estamos preocupados na hora de dar troco. Fui duas vezes ao banco e não consegui trazer moedas de R$ 0,01", afirma. Ele conta que não era comum a ficha telefônica ser negociada em troco. "Agora vai ser."
Eduardo Lamberti, funcionário da banca Patriarca, diz que vai evitar dar ficha telefônica e balas de troco para os clientes.
"Não dou porque também não quero receber". Ele diz que não aceita as novas cédulas de reais sujas como acontecia com os cruzeiros reais. "Está na hora de se respeitar a moeda do Brasil."

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