São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994 |
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Alugar imóvel deixa de ser bom negócio
TELMA FIGUEIREDO
"A rentabilidade média baixou a 0,2% nos últimos 18 meses", diz o advogado José Roberto Graiche, presidente da Aabic-SP (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios). Segundo ele, o reajuste semestral do valor da locação em uma época de inflação alta fez com que donos de imóveis tivessem remuneração mais baixa que qualquer outro tipo de aplicação. "Quem tem dinheiro em caderneta de poupança recebe juros de 0,5% ao mês sem fazer esforço, sem dores de cabeça com contrato e outras coisas", diz Graiche. Em locações residenciais, é considerado bom retorno uma rentabilidade de 0,8% a 1% ao mês, em relação ao valor do imóvel. A chegada do real não deve melhorar a rentabilidade com aluguel, segundo Sérgio Lembi, 36, vice-presidente do Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Locação e Administração de Imóveis). Lembi afirma que o período de 12 meses para reajuste dos contratos, regra estipulada pelo governo, deve acabar com qualquer situação vantajosa que o proprietário consiga no início da locação. Como a oferta de imóveis para alugar em São Paulo continua restrita (cerca de 3.000 unidades), os donos estão conseguindo bons preços para aluguéis iniciais. "Ainda que se comece com uma rentabilidade de 1% ao mês, a situação não será a mesma nos meses seguintes", diz Lembi. Ninguém sabe o que irá ocorrer daqui a um ano na economia, embora a expectativa é de que a inflação caia e permaneça baixa. "E se esse plano econômico não durar um ano, como não duraram os anteriores?", pergunta Lembi. Nessa hipótese, Graiche diz não ser possível avaliar a situação em que ficariam os proprietários, que fazem contratos longos –geralmente por 30 meses. "O plano ainda está no início. Não dá para dizer: alugar é bom negócio." Segundo Graiche, a postura recente do governo tem demonstrado que ele deve continuar intervindo nos setor de locação, o que imputaria mais perdas para os donos. "Quem conhece o mercado, sabe que alugar não é um bom negócio há muito tempo", diz Lembi. Ele afirma que a perdas foram aumentadas por "correções pela média" impostas na época da criação de planos econômicos. "Aconteceu no Plano Cruzado, em 86, e algo semelhante no Plano Real", diz. Texto Anterior: Fatores para sucesso são cinco Próximo Texto: Linhas telefônicas têm elevação nos preços Índice |
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