São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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"Arrastão" do Brasil tenta gol em 15 min

MÁRIO MAGALHÃES
DO ENVIADO A LOS GATOS

'Arrastão' do Brasil tenta gol em 15 min
Parreira pede gol no começo da partida para que os EUA abram defesa e 'facilitem classificação brasileira'
O técnico Carlos Alberto Parreira disse que a seleção brasileira começará o jogo de amanhã contra os Estados Unidos com um empenho ofensivo acima do habitual.
Ele vai pedir aos jogadores, na conversa prevista para às 9h45 (13h45 em Brasília), antes de ir para o estádio de Stanford, que tentem marcar um gol nos primeiros 15 minutos da partida.
"Só assim obrigaremos os americanos a desmontar a enorme retranca (esquema exageradamente defensivo) que preparam contra nós", afirmou. "Se isso ocorrer a situação ficará mais fácil."
Ele vai pedir aos jogadores algumas mudanças para executar o "arrastão" (ataque em bloco) em busca do gol imediato.
Parreira conversou com o meia Zinho e disse ao jogador que ele tem "liberdade para se movimentar para onde quiser, desde que ajude a equipe a recuperar a bola quando perdê-la".
Ele quer que o meia Raí se aproxime mais dos atacantes Bebeto e Romário, que, no empate contra a Suécia na terça-feira, ficaram isolados na maior parte do tempo.
Mais: Parreira acredita que a eficiência ofensiva dos laterais Jorginho e Leonardo pode melhorar. "Eles já têm sido uma das nossas principais armas no ataque."
Além disso, o técnico voltou a orientar os zagueiros Aldair e Márcio Santos para que participem de contra-ataques. Nas cobranças de escanteios, os dois vão para a área adversária.
"Se os Estados Unidos sofrerem um gol podem vir de peito aberto contra nós", afirmou. "E isso é o que eu mais quero porque enfraqueceria a sua defesa."
A partida é eliminatória. Só a equipe que vencer permanecerá no Mundial. Se houver empate no tempo normal, haverá prorrogação de 30 minutos.
Se a igualdade persistir, a decisão será em pênaltis. O vencedor passará para a terceira fase (quartas-de-final) da Copa, precisando de mais três vitórias, incluindo a final, para ser campeão.
O cobrador principal de pênaltis da seleção brasileira é o meia Raí. O único jogador a acertar os oito pênaltis que cobrou no treino de anteontem foi o meia Mazinho.
No geral, em cada quatro cobranças uma foi desperdiçada.
Parreira não acredita que será necessário jogar a prorrogação ou cobrar pênaltis. "Eu preparei o time para vencer no tempo normal."
Seis Brasis
O técnico disse que o esquema ofensivo que quer contra os Estados Unidos não é contraditório com o "futebol competitivo" que prega, em contradição com o futebol que chama de "festivo".
Em entrevista a jornalistas estrangeiros, Parreira brincou dizendo que vai propor à Fifa (entidade que organiza o futebol mundial) para o Brasil ter direito a inscrever seis seleções na Copa de 1998.
"Só assim conseguiremos contentar pelo menos metade dos torcedores do país", disse.
Sua proposta: "1) seleção que só ataca; 2) seleção que só defende; 3) seleção criativa; 4) seleção com futebol fantasia; 5) seleção competitiva; 6) a decidir."
A seleção dele seria a "competitiva". Parreira e o coordenador Mário Lobo Zagalo consideram "festivo" o futebol da Colômbia, eliminada na primeira fase da Copa. "Só atacam, sem se preocupar em defender", afirmou o técnico.
Jornalistas europeus lhe perguntaram se achava natural a sugestão do presidente Itamar Franco para a escalação do atacante reserva Ronaldo, 17.
"Para mim o assunto é sério, mas quem escala sou eu. Nem a dona Geni influencia". Geni é a mãe do técnico. Ela defende a entrada de Ronaldo na seleção.
"Não é que eu fique calmo com esa discussão toda. Mas estou controlado e sou racional. Se eu perder a cabeça..."

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