São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994 |
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Chirac lança campanha com livro
ANDRÉ LAHOZ
As eleições para o posto de Mitterrand serão só em 1995, mas a briga parece já ter começado. Chirac nega que o livro seja o início de sua campanha. Aliás, evita apresentar-se como candidato. "É apenas uma contribuição para o debate", afirma o político. Mas ninguém acredita nisso. Chirac lançou o livro duas semanas após as eleições para o Parlamento Europeu -o último pleito antes das eleições presidenciais. Para a maioria dos analistas, é a hora certa para tomar a iniciativa. Chirac é do mesmo partido do premiê, Edouard Balladur, outro que nega ser candidato. Um dos dois não poderá concorrer. Balladur segue na frente nas pesquisas, mas Chirac parece ter mais peso dentro do partido. Após o lançamento do livro de Chirac, Balladur se calou. Na última semana, afirmou que acha muito difícil que apenas um homem tenha a solução para os problemas do país. O livro é dedicado "aos jovens franceses nascidos após 1968, que fazem parte de uma geração extraordinária". Suas páginas são pequenas, a letra é grande, a escrita é simples e atraente. Chirac começa mostrando o alto grau de "desintegração social" existente hoje na França. "Aids, analfabetismo, pobreza, drogas, falta de esperança." Para o autor, atrás de tudo isso está o desemprego, "que divide a sociedade em duas: há, de um lado, os privilegiados, e, de outro, os desempregados, os excluídos". "A luta contra o desemprego deve estar no centro das ações de um governo", diz Chirac. Enfatiza também a importância de melhoria no sistema educacional, "para preparar melhor o jovem para o mercado de trabalho". O resultado do desemprego, para Chirac, é o surgimento de uma camada de excluídos. "É preciso interromper a espiral de isolamento das periferias e construir mais casas para acabar com o problema dos sem-teto na França." Chirac fala ainda do sistema de seguridade social, que "já foi o melhor do mundo, e hoje é péssimo". Defende o uso mais constante de referendos populares e a promoção da cidadania ("é necessário reconstruir a cidadania participativa"). Sobre a UE, defende a ampliação ao Leste europeu. Chirac encerra o livro afirmando que as mudanças devem partir dos próprios franceses, "que devem se bater contra o conservadorismo reinante". "Nossa ambição é clara: solidariedade e coesão nacional. É hora de os jovens terem sua chance. Eu confio no que farão para o país", diz no livro. Se Chirac queria mais espaço na mídia, conseguiu. Se queria precipitar a campanha, também conseguiu. E, a julgar pelo número 1 do título, é de se esperar que lance outro livro. Provavelmente antes das eleições do ano que vem. Texto Anterior: Metade das 6 mil línguas corre perigo de extinção Próximo Texto: Futurologia prospera no Japão Índice |
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