São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Lu Mendonça vira favelada em novela

Deslizamento de terra será mote da trama de Gilberto Braga

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

Um dos problemas crônicos do Rio de Janeiro –os deslizamentos de terra em favelas quando chove– vai ser mote para a próxima novela das oito da Rede Globo, "Pátria Minha", que estréia no próximo dia 17.
Numa favela situada na zona sul carioca, será centrado o núcleo pobre da trama de Gilberto Braga. Por volta do capítulo 15, um temporal deixará boa parte dos favelados sem casa para morar.
Entre eles estará Lourdes, personagem interpretada pela atriz Lu Mendonça. Mãe de Rita (Janaína Diniz), ela vai perder a casa e será alojada com outros favelados numa escola do bairro.
"A escola pertence ao vilão da estória, Raul (Tarcísio Meira), que tentará tirar os favelados de lá", antecipa, a contragosto, Sérgio Marques, 49, um dos autores.
Lu Mendonça disse ter ficado surpresa com a veracidade da favela recriada pelo departamento de cenografia da Globo no Projac (cidade cenográfica de Jacarepaguá).
"Levei um susto quando olhei para trás e vi um figurante com uma metralhadora na mão", diz a atriz, que foi Do Carmo em "Mulheres de Areia", na mesma emissora.
O figurante interpretava um traficante que faz a segurança das bocas-de-fumo. Vários dos figurantes, aliás, são favelados recrutados no morro do Borel.
Lu diz não saber se os "traficantes armados" vão aparecer nas cenas. "Mas que estão lá, estão", diz ela, elogiada por Gilberto Braga por sua atuação em "Trair e Coçar... é só Começar".
Foi o próprio autor que pediu atenção na escolha dos personagens pobres. "É preciso atores muito bons para dar credibilidade às cenas dos sem-teto", disse Braga.
Marques diz que "Pátria Minha" vai opor dois tipos diferentes de brasileiros. "Há os que tentam fazer algo para melhorar as coisas, como a Alice (Cláudia Abreu) e os que só pensam em si, como o Raul".
Para Marques, abordar os deslizamentos foi uma forma de falar de um problema real no Rio "e das atitudes que as pessoas têm frente a ele".
Alice e Raul vão polarizar as disputas na novela. Logo no início, ela testemunha um acidente de trânsito onde o empresário é o culpado.
A novela começa em 1993 e reina o clima de euforia com a vitória do Brasil na Liga Mundial de Vôlei. "Não nos referimos à Copa, pois não sabemos quem vencerá", diz o autor.

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