São Paulo, sexta-feira, 8 de julho de 1994 |
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Itamar revida crítica e convoca embaixador
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
Itamar ameaçou não participar de reunião do Mercosul, entre 4 e 6 de agosto, em Buenos Aires, e convocou o embaixador do Brasil na Argentina, Marcos Azambuja. Na quarta-feira, ao criticar a Marcha Federal –protesto contra a recessão e o desemprego que reuniu em Buenos Aires entre 50 mil e 100 mil pessoas– Menem citou o salário mínimo brasileiro. "Quantas marchas teriam que fazer no Brasil, onde o salário mínimo é a metade do que ganha um aposentado na Argentina?", perguntou Menem. O salário mínimo brasileiro é de US$ 64,79, e o argentino de US$ 200. "Eu irei (ao Mercosul), desde que as deselegâncias não continuem", disse Itamar. Os dois presidentes já tinham se desentendido no mês passado, durante reunião da Cúpula Ibero-Americana, em Cartagena (Colômbia) por causa do bloqueio a Cuba. Itamar defendeu o fim do embargo comercial ao país de Fidel Castro e foi criticado por Menem. Itamar disse ontem que a economia brasileira é mais forte e por isto o Brasil pôde implantar o Plano Real. "O presidente Menem só se esqueceu de dizer que nós temos um PIB (Produto Interno Bruto) duas vezes maior que o de seu país", acrescentou Itamar. Também afirmou que a balança comercial é maior e que a indústria brasileira não está sucateada. Segundo Itamar, Menem "deveria se lembrar que a nossa economia é mais estável que a da Argentina". Ele disse ainda que "é muito difícil comparar a Argentina com o Brasil". A Embaixada do Brasil em Buenos Aires informou o embaixador Marcos Azambuja viajou à noite de Nova York para Brasília. Ele estava participando de uma reunião sobre desarmamento promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas). O ministro das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto da Argentina, Guido di Tella, foi informado no final da tarde de ontem do episódio. Ele não se manifestou. Cuba Itamar reforçou ontem a defesa do fim do embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba em carta enviada ao presidente cubano, Fidel Castro. Na carta, Itamar reafirma a posição antiembargo externada publicamente em junho passado durante reunião dos presidentes ibero-americanos em Cartagena (Colômbia). A carta foi levada pelo ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), que embarcou ontem para Havana, com a missão de intensificar a aproximação entre os dois países. A carta do presidente Itamar foi em resposta aos agradecimentos de Fidel pela defesa do fim do embargo. Colaborou CARLOS ALBERTO DE SOUZA, da Agência Folha, em Buenos Aires Texto Anterior: Deputado cassado pela Câmara em 1993 tenta se reeleger este ano Próximo Texto: Por enquanto Índice |
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