São Paulo, domingo, 10 de julho de 1994 |
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Fama e acaso andam juntos
MARCELO LEITE
Se não fosse por tentarem aproveitar filmes velados, por exemplo, o casal Carolyn e Eugene Shoemaker, mais o astrônomo amador e jornalista David Levy dificilmente teriam os nomes ligados ao acontecimento astronômico da década. Na noite de 23 de março de 1993, os três estavam fora do observatório em Monte Palomar (Califórnia, EUA). Nuvens impediam que começassem a observar, mas uma ligeira melhora entusiasmou Levy. Gene Shoemaker não concordava, porém, em começar o trabalho. Os filmes hipersensíveis custam mais de R$ 3 a chapa e ele não queria desperdiçar nenhum sob condições atmosféricas duvidosas. Afinal, eles pagam os filmes do próprio bolso. Carolyn e Levy trabalham como voluntários. Só Gene é empregado do US Geological Survey, o servico geológico dos EUA. Levy se lembrou então de dez chapas veladas que tinham sobrado da noite anterior. Quatro tinham arruinado uma hora de observação, saindo inteiramente enegrecidas. Eram as da camada superior da caixa, que alguém –até hoje não se sabe quem– abriu por acidente. Gene testou outras, do meio da pilha, e verificou que estavam veladas só nas bordas. Usaram-nas mesmo assim, na noite de 22. Levy propôs fazer o mesmo, na noite seguinte. Não fosse por essa lembrança, possivelmente não teriam detectado a imagem do Shoemaker-Levy 9, o cometa fragmentado. "Temos muito a agradecer à pessoa que abriu aquela caixa e nunca confessou", diz Gene Shoemaker, aos risos. (ML) Texto Anterior: O casal que deu nome a 32 cometas Próximo Texto: Cometas nem sempre anunciam fim do mundo Índice |
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