São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 1994
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Erros da arbitragem fazem os momentos mais lamentáveis

RS
DA REDAÇÃO

Terminadas as quartas-de-final, a arbitragem encabeça, disparada, a lista com os responsáveis pelos piores momentos da Copa.
Expulsões sem justificativa, entradas duras e impunes, pênaltis que deixaram de ser marcados: o Mundial tem sido um show de erros dos juízes. Muitos deles com influência direta no resultado.
As falhas começaram junto com a Copa. No jogo de abertura, entre Alemanha e Bolívia, o meia Etcheverry ficou apenas três minutos em campo. Foi expulso pelo juiz mexicano Arturo Brizio, depois de agredir o líbero Matthaeus. O alemão revidou a agressão, mas continuou no jogo.
Na estréia do Brasil na Copa, mais um erro. O juiz An Yan Lim Kee Chong, das Ilhas Maurício, não viu um jogador russo segurar Romário dentro da área.
Houve falhas tão flagrantes que o próprio árbitro foi obrigado a reconhecê-las. O juiz suíço Kurt Rothlisberger, que apitou Alemanha x Bélgica, nas oitavas-de-final, deixou de marcar um pênalti feito pelos alemães Brehme e Helmer no belga Weber.
Os belgas reclamaram, mas o juiz não deu o pênalti. Àquela altura, a partida estava 3 a 1. No final, a Bégica marcou mais um e a Alemanha se classificou com o 3 a 2.
No jogo entre Espanha e Itália, no último sábado, o atacante Luis Enrique levou uma cotovelada do italiano Tassotti dentro da área, aos 48min do segundo tempo.
A partida estava 1 a 1 e foi para a prorrogação, na qual a Itália marcou seu segundo gol. O espanhol teve o nariz quebrado e viu estrelas. O juiz húngaro Sandor Puhl não viu nada.
A Itália foi prejudicada pela arbitragem desastrada no jogo contra a Nigéria, pelas oitavas-de-final. O atacante Zola disputou uma bola com o meia Oliseh. O nigeriano caiu e se contorceu depois de Zola sequer tê-lo tocado.
O juiz Arturo Brizio –ele, de novo– expulsou Zola.
Escobar
Fora do campo, o pior da Copa foi o assassinato do colombiano Escobar. Autor de gol contra no jogo com os Estados Unidos, na primeira fase, o jogador serviu de bode expiatório para a má campanha de sua equipe.
Ao voltar à Colômbia, Escobar foi abordado por um grupo à saída de um restaurante em Medellín. Houve discussão sobre o gol contra e o jogador levou 12 tiros.
A campanha da Colômbia tem lugar garantido entre o pior da Copa. Apontada como uma das favoritas ao título por parte da imprensa, a equipe decepcionou. Perdeu até para os EUA, "novatos" no esporte.
O goleiro Bell teve sua casa em Camarões incendiada, após a eliminação da seleção africana ainda na primeira fase.
O argentino Diego Maradona conheceu o céu e o inferno nesta Copa. A princípio, foi considerado a grata surpresa do Mundial.
Mais magro, mais ágil e a caminho de reencontrar seu futebol brilhante, o meia recolocou a Argentina na lista de favoritas em suas duas primeiras partidas na Copa.
Bastou um exame antidoping –e um coquetel com cinco substâncias proibidas pela Fifa no sangue de Maradona– para que o craque fosse suspenso e sua Argentina perdesse o equilíbrio emocional. Nas oitavas, a equipe foi desclassificada pela Romênia.
O romeno Vladoui foi o segundo mais rápido do Mundial –em matéria de expulsão. Ficou apenas quatro minutos em campo, antes de ser mandado para o chuveiro pelo tunisiano Jouini Neji, na partida contra a Suíça. Só Etcheverry conseguiu ser expulso mais rápido.
O lateral Leonardo, do Brasil, também foi responsável por um dos piores momentos da disputa. A cotovelada que deu no norte-americano Tab Ramos, na partida pelas oitavas-de-final, foi o lance mais violento da Copa.
Ramos teve um osso do rosto quebrado. Leonardo foi suspenso por quatro partidas –portanto até depois do fim da Copa– e pode ter ficado fora de um time campeão do mundo.(RS)

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