São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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'Golpe do Romário' tenta pegar candidatos

SERGIO TORRES; EDNA DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

O atacante Romário, da seleção brasileira de futebol, recusou envolvimento em esquema para trocar seu apoio a um candidato à Presidência da República por US$ 16 milhões.
O esquema vem sendo proposto a partidos políticos por Hélio Lopes de Figueiredo Júnior, que diz ser representante da empresa de promoções pertencente aos pais do jogador, a RSF Promoções Ltda.
Romário recusou sondagem de Figueiredo Júnior para vender seu apoio a um candidato, conforme afirmou o pai do jogador, Edevair de Souza Farias.
Mesmo assim, o suposto representante afirma ter oferecido o apoio de Romário a três partidos políticos: PL, PSDB e PMDB.
Figueiredo Júnior, segundo conversa gravada mantida com a Folha, diz que está apenas aguardando a final da Copa do Mundo para acertar o fechamento do negócio.
Nos contatos mantidos com as assessorias dos partidos, ele fornece o telefone de sua própria casa, situada na rua Conde de Irajá, em Botafogo (zona sul do Rio).
Em duas conversas telefônicas com a Folha, Figueiredo Júnior confirmou as propostas apresentadas aos partidos. Ele não sabia que falava a um jornalista.
Afirmou que é o representante da RSF Promoções Ltda, empresa que já teve participação de Romário como sócio. A sigla RSF vem de Romário de Souza Faria, nome completo do atleta.
A existência da empresa foi confirmada pelo pai de Romário e em um contrato obtido pela Folha junto ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Anteontem à noite, a Folha voltou a entrar em contato com Figueiredo Júnior. Informou a ele que preparava uma reportagem sobre a venda do apoio do jogador e que tinha uma fita gravada na qual o suposto representante pedia US$ 16 milhões por ele.
Figueiredo Júnior negou que tenha feito qualquer negociação (leia reportagem abaixo).
Edevair Farias afirmou à Folha que Figueiredo Júnior não trabalha mais para a RSF. "O Figueiredo queria forçar uma coisa que o Romário não queria", disse.
Segundo Edevair, o ex-funcionário queria que Romário recebesse dinheiro para apoiar candidatos à Presidência. O pai do jogador disse que a proposta foi recusada. "Voto não se vende", disse.
Na conversa gravada com a Folha, Figueiredo Júnior falou sobre a possibilidade de o jogador vir a apoiar isoladamente candidatos a deputado federal. Ele disse que, a princípio, só se admitiria a presença em campanhas à Presidência.
A hipótese, no entanto, não estaria descartada. Se Romário aceitasse associar sua imagem a campanhas a uma vaga na Câmara dos Deputados, custaria US$ 100 mil.
Figueiredo Júnior disse que a RSF Promoções montou um pacote com ofertas de apoio aos candidatos a presidente da República.
O pacote daria ao presidenciável o direito de escolher, em todos os Estados, os políticos que teriam o apoio de Romário nas disputas aos governos locais, Senado, Câmara e Assembléias Legislativas.
Figueiredo Júnior afirmou que o acerto entre a RSF e as candidaturas se daria através de contrato. Isso daria ao candidato o direito de usar a imagem de Romário em cartazes e panfletos.

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