São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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Pai de jogador afirma que voto não se vende

EDNA DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

O pai de Romário, Edevair de Souza Farias, afirmou à Folha que "voto não se vende". Diz que se Romário vendesse seu apoio a um candidato, não poderia "nem voltar ao Brasil".

Folha – De quem é a RSF Promoções, empresa em que o Hélio Lopes Figeuiredo Júnior diz que trabalha?
Edevair de Souza Farias – É uma empresa minha e da minha mulher. O Romário já foi sócio, mas hoje ele dá sempre uma força.
Folha – Quais são os projetos desta empresa?
Farias – Tem (o projeto de) uma empresa de firmas de malha, aqui, nos Estados Unidos, na Holanda, na Espanha, mas ainda é um projeto.
Folha – O Figueiredo Júnior está fazendo parte desta sociedade?
Farias – Não.
Folha – Ele é o que na empresa?
Farias – Ele não é nada. Eu dei autorização para o Figueiredo fazer um negócio aí, mas não senti firmeza e já disse que ele não tem condições de trabalhar para nós.
Folha – Que tipo de negócio?
Farias – Era outra coisa, mas não deu certo. O Figueiredo precipitou alguma coisa e não deu para trabalhar com ele.
Folha – Ele estaria intermediando o apoio do Romário para algum candidato à Presidência? Era esse o negócio?
Farias – Isso é uma parte, mas eu dispensei ele por outra parte. Romário é um cara que não se mete em política. Romário chega lá e vota. Ele não conhece ninguém. O Figueiredo queria forçar uma coisa que o Romário não queria. Romário, em quem ele quiser votar, isso é um problema dele. A hora que ele chegar, vou conversar com ele.
Folha – O Figueiredo Júnior quer o quê? Que o Romário receba dinheiro para apoiar um candidato?
Farias – Mais ou menos parece isso. Voto não se vende.
Folha – O Romário teria dito que votaria no Lula...
Farias – Isso é coisa de jornal. Romário não faz nada sem falar comigo. O Lula passou um fax para o Romário, para o Romário ajudar ele nestas coisas da política.
Folha – Em troca de dinheiro?
Farias – Não, não tem nada a ver com dinheiro. Apoio pessoal. O Romário é um cara que acha que o Lula tem coragem. O Romário está pensando em me convencer a votar no Lula. Se fosse assim (com dinheiro), o meu filho não poderia nem voltar ao Brasil mais. Seria preso antes de chegar ao Brasil.
Folha – O Figueiredo é parente de vocês?
Farias – Não. Nós conhecemos ele há pouco tempo. Conheço ele por intermédio de amigos.
Folha – Ele está oferecendo o apoio do Romário em troca de dinheiro...
Farias – Se eu não assinar, se o Romário não assinar nada para ele, ele vai fazer o quê? É carta fora do nosso baralho. Pode estar no baralho dele, agora no nosso está fora.

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