São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994 |
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Empresa resgata missão filantrópica
DENISE CHRISPIM MARIN
Também estão se conscientizando do fato de que a caridade deve ficar distante dos planos de marketing de seus produtos e não ser confundida com promoções. O que motivou esse comportamento foi a decisão de empresários e executivos de não fazer mais vistas grossas às necessidades de comunidades carentes ou esperar que a solução parta do governo. Há três anos foi criado o Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), que hoje congrega cerca de 40 organizações interessadas em praticar a filantropia sem recair no modelo paternalista. O grupo, que ainda tem caráter informal, movimenta cerca de US$ 100 milhões/ano na chamada "filantropia profissional" ou "terceiro setor" –o primeiro é o Estado e o segundo, a iniciativa privada. A estratégia do grupo é consolidar parcerias com entidades que se proponham a repensar sua gestão interna e o atendimento a seu cliente –seja a criança, o idoso ou famílias carentes. O Instituto C&A, um dos fundadores do Gife, atua nessa linha e investe US$ 2 milhões/ano em 46 cidades onde há lojas da rede. O instituto mantém parcerias com oito creches com 1.500 crianças. A prioridade é reciclar os 250 funcionários dessas entidades. "Acreditamos que o treinamento é mais importante que a reforma de um telhado", afirma Antonio Carlos Martinelli, 59, diretor do Instituto C&A. A profissionalização de crianças carentes e até de rua merece atenção especial por parte do Instituto C&A e de outras empresas. A empreiteira OAS há um ano vem atuando como parceira do Projeto Axé, com a missão de capacitar para o trabalho crianças abandonadas de Salvador. A ação filantrópica invariavelmente resulta na melhoria da imagem da empresa, tanto na região onde está instalada quanto entre funcionários, fornecedores, clientes e concorrentes. "A empresa tem que assumir suas responsabilidades sociais", diz Michael Paul Zeitlin, 57, diretor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Gelúlio Vargas (Eaesp-FGV). No Instituto C&A, há 350 funcionários voluntários, responsáveis por visitas, planejamento e acompanhamento de programas. Na OAS, profissionais de recursos humanos se envolveram na orientação dos operários, que inicialmente rejeitaram ex-meninos de rua contratados pela empresa. Próximo Texto: Ajuda não deve ser marketing Índice |
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