São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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Agradeçam ao Barça a recuperação de Romário

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA FOLHA

Ninguém sabe o que pode decidir uma vitória ou fazer com que uma equipe passe de um bom conjunto a uma seleção campeã.
Há um ano decidi que Romário poderia ser um excelente jogador para o Barça. No PSV Eindhoven, ele estava desmotivado e já não rendia o máximo.
O Brasil havia se esquecido dele. Havia mais de dois anos não o chamavam para integrar o time nacional.
A mim, não me serve a desculpa de que Romário era um jogador polêmico e por isso não era convocado.
O que acontecia é que o atleta não oferecia a segurança de marcar gols. Por isso Parreira teria se esquecido de seu nome.
Entretando, eu o contratei e em menos de dois meses conseguimos que todo o mundo voltasse a olhar para Romário.
A fase de classificação do Brasil havia sido muito ruim até o momento em que ele apareceu. Depois da derrota para a Bolívia, fazia falta alguém capaz de melhorar o jogo ofensivo da seleção canarinho.
Parreira decidiu confiar nele como última opção para seguir adiante. A partir daquele momento, o Brasil começou a aparecer nas apostas.
O mais importante era que nós no Barça fazíamos com que Romário seguisse jogando futebol em seu nível máximo.
Romário seguiu lutando durante toda a temporada para conseguir os gols que havia prometido fazer ao chegar ao nosso clube. Ao final, conseguiu seu objetivo de marcar 30 gols.
Agora que Brasil está tão perto de um triunfo, alguém poderia se perguntar qual teria sido o desempenho dessa seleção sem Romário.
Eu disse durante o Mundial que o Brasil joga um estilo de futebol que me convence, mas tem um grande problema que é marcar gols.
Romário foi a salvação para Parreira e para o Brasil. Acredito que algum dia teriam que nos agradecer, ao Barça, por ter recuperado a Romário para o futebol de máximo nível.
Quando faltam algumas horas para a grande final, todo o país espera que ele faça o que fez em cada partida: marcar um gol. Mas os brasileiros têm que ser generosos com ele.
Se alguma coisa passar e ele falhar contra a Itália, que ninguém o culpe pela derrota. Seria injusto. Seguramente sem Romário, o Brasil não teria chegado à final.

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