São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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Parreira pede à seleção frieza para vencer

FERNANDO RODRIGUES; MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADOS ESPECIAIS A LOS ANGELES

O técnico Carlos Alberto Parreira quer uma seleção brasileira "fria e calculista" para conquistar hoje o tetracampeonato mundial de futebol contra a Itália.
Ele acredita que, além do título, vai deixar ao futebol brasileiro outra herança, uma lição.
"Para obter novas conquistas no futebol mundial tem que se jogar com pragmatismo, seguir o caminho da atual seleção."
Parreira prevê euforia no Brasil com a eventual conquista do título, "embora não vá servir para acabar com a miséria, com a fome e a inflação. Mas levará um pouco de alegria, o que é importante."
Ele acha que a possível vitória vai influenciar a eleição presidencial. "Cria um clima favorável, só não sei a favor de quem."
Perguntado se, em caso de fracasso, pensaria na morte do zagueiro Escobar, da Colômbia, respondeu que não. "Só penso em erguer bem alto o troféu."
Escobar foi assassinado após voltar, eliminado, da Copa do Mundo, quando fez um gol contra no jogo contra os Estados Unidos.
No dia que considera o mais importante de sua carreira, Parreira se despede da seleção. No dia 3 dirige pela primeira vez o Valencia, clube da Espanha.
"Se me pedirem indicação, vou propor o Zagalo (coordenador) para me substituir", afirmou.
"Não sei se um dia volto à seleção. Nunca mais não existe em futebol. Só que meu ciclo acabou."
Na opinião de Parreira, a partida de hoje não será a mais bonita do Brasil nesta Copa.
"Não será como contra a Holanda (vitória de 3 a 2), nas quartas-de-final. Mas se a Itália sair para o jogo e não ficar só se defendendo, podem ter certeza de que nós faremos jogadas lindas."
Embora ache que não precisa "enfatizar", vai alertar os jogadores, na conversa a partir das 9h45, contra euforia, superotimismo. "Não há clima de 'já-ganhou'."
O técnico prevê vantagem física de sua equipe. "A excelente preparação física nos deu vantagem sempre no segundo tempo. Hoje vai pesar, também, a nossa vontade, o nosso coração."
Parreira afirmou ser indiferente enfrentar a Itália com ou sem seu principal jogador, o atacante Roberto Baggio.
"Em 1962 o Pelé se contundiu durante o Mundial e o Brasil chegou lá. Estamos preparados para a final, não importa se contra um time com ou sem Baggio."
O técnico disse que as críticas o fizeram "caminhar com passos mais firmes. Chegamos à final sem ser ameaçados em nenhum jogo. Por isso é importante ter firmeza, chegar à final sem ser ameaçado em nenhum jogo."
"Esse time mostrou que sempre estivemos certos, que acertamos as decisões desde o início."
Se vencer, Parreira vai receber pela segunda vez uma medalha de campeão mundial de futebol.
Em 1970, aos 27 anos, ele ganhou uma como preparador físico auxiliar.
"Eu era um sonhador, vibrava, achava que venceríamos. Quem ficava nmais angustiado era o Zagalo, que era o técnico. Eu era jovem, tinha a vida pela frente. Até hoje guardo a medalha."
Para conquistar a segunda, ele diz saber o caminho: "Temos gente para defender, gente para atacar, e o Romário para marcar. É o craque que faz a diferença."

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