São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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O caminho mais curto para a casa própria

ROBERTO CAPUANO

A caderneta de poupança vinculada pode ser a solução para as preocupações dos agentes financeiros e do próprio governo, que vem gastando fortunas em publicidade para evitar a redução dos depósitos via aumento de consumo.
O sonho da casa própria está presente nos objetivos de cada família brasileira. Com a caderneta, após poupar de 10% a 25% do valor do financiamento pretendido em prazo variável de 12 a 36 meses, o poupador passa a ter o direito líquido e certo a uma carta de crédito que lhe permite escolher livremente o que comprar: casa, apartamento, novo ou usado.
Quando o Creci solicitou à Gallup uma pesquisa a respeito, o nível de aceitação foi total, sendo que 96% se interessavam por pequenos créditos, compatíveis com sua renda, e pretendiam comprar um imóvel usado. Mesmo porque não há imóveis novos disponíveis na faixa de US$ 35 mil, por exemplo, e há uma oferta latente de mais de 100 mil unidades em bairros periféricos às zonas nobres aguardando comprador que não aparece pela absoluta inexistência de financiamento ao comprador há mais de 25 anos.
Quando a Caixa Econômica Federal, com extrema má vontade, colocou à disposição do público a caderneta de poupança habitacional, mesmo sem qualquer publicidade, durante os 30 dias em que esteve aberta, formavam-se filas de madrugada à espera de senha de inscrição.
Assim não há dúvidas que, implantada, será um forte inibidor do consumo de supérfluos, e manterá e aumentará os depósitos existentes.
Para o governo, além de ser uma medida de cunho social de longo alcance, pois permitirá o acesso ao primeiro imóvel a milhares de famílias, haverá a respeitável vantagem de otimizar a indústria imobiliária.
Irrigando a base de mercado, cria-se um mecanismo de operações sequenciais de compra e venda que terminam inevitavelmente em um imóvel novo, da mesma forma que ocorre com o mercado de automóveis.
A geração de empregos diretos e indiretos será maior, na medida em que o crédito ao consumidor permite o ingresso de pequenos construtores que não conseguem ingressar no mercado por não terem acesso ao financiamento à produção, que depois é repassado ao comprador rebatizado de financiamento ao comprador.
Com o financiamento realmente na mão do comprador, com o direito de escolha, ele pode produzir e investir com a certeza que terá consumidores e não precisará financiá-los por conta e risco. É certo que esta competitividade ensejará melhores preços e qualidade de produtos.
Para a indústria imobiliária haverá ainda a vantagem da certeza e quantificação do ingresso de consumidores de mercado, permitindo melhor planejamento.
O número de créditos concedidos e seu valor permitirão inclusive o direcionamento da produção para imóveis mais baratos e a certeza de um fluxo constante de consumidores para as outras faixas de preço.
Dinheiro disponível existe, são quase US$ 30 bilhões depositados nas cadernetas de poupança, que, aliás, deveriam estar financiando habitações, o que na prática não ocorre. A caderneta vinculada está até regulamentada. Basta colocá-la em funcionamento.

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