São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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INFOBAHN

Sistema vai provocar uma 'renascença' da TV

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A próxima revolução tecnológica está a caminho. Vai custar menos de US$ 400 e será espalhada pelo mundo através do instrumento de massa mais popular do planeta, a televisão.
A nova TV vai alterar a concepção da comunicação, o sistema de consumo, o entretenimento e o comportamento.
A infraestrutura para essa mudança está na "superinfovia" (Data Superhigway ou Infobahn) nos EUA e nos planos de algumas companhias para espalhar centenas de satélites de comunicação pela atmosfera do planeta.
As novas redes terão capacidade para transportar imagens, voz e dados em grande volume e de forma interativa entre o receptor e o gerador das informações.
Isso será possível através da chamada tecnologia da multimídia e dos bits, sinais de computador, que vão trafegar pela "superinfovia" de cabos de fibra óptica que está sendo construída nos EUA e em países que investem nessa tecnologia. Para as regiões do planeta que não investem nessas teias de fibra óptica, a "superestrada" flutuará no espaço.
Três empresas americanas (Motorola, Microsoft e McCaw Cellular) querem colocar ao redor do planeta nos próximos sete anos uma rede com mais de 900 pequenos satélites que terão capacidade igual à das fibras ópticas para transmitir dados. Cada satélite, do tamanho de uma geladeira, poderá fazer mais de 100 mil ligações ou transmissões de bits simultâneas.
Todas as informações da "superestrada" estarão unificadas na linguagem dos bits. Nessa linguagem, não existe nenhuma diferença entre uma imagem, som ou dado de computador durante a transmissão. É o instrumento que recebe os bits do outro lado da linha quem decifra e transforma os sinais em som ou em imagem.
Empresas do ramo de telefonia e comunicação estão fundindo-se com outras de computadores e TVs a cabo em negócios sem precedentes nos EUA para viabilizar essa transformação.
A "Renascença da TV", como está sendo chamada nos EUA, capacitará o produto já existente a tornar-se um instrumento com centenas de opções e interativo, baseado na multimídia.
Os dois maiores fabricantes de chips (processadores) e programas para computadores, a Intel e a Microsoft, estimam que em três anos conseguirão a tecnologia para transformar uma TV em um computador por menos de US$ 400.
A idéia é comercializar um aparelho, chamado set-top box, que será conectado à TV com uma pequena câmera de vídeo digital.
Além da câmera, o set-top box poderá comportar um teclado de computador. Quem plugar esse aparelho à televisão poderá receber e enviar imagens, videoligações telefônicas e qualquer outro tipo de informação.
Um projeto experimental da Time Warner em Orlando, Flórida, já está usando essas caixas acopladas à TV para receber imagens e interagir com uma central de dados. A central manda informações para mais de 1.000 residências, que comandam os pedidos através do controle remoto.
Uma segunda fase do projeto (envolvendo 4.000 casas), vai permitir que os usuários façam compras pelo controle remoto. Bastará apenas digitar os códigos das mercadorias que aparecem na tela e o número do cartão de crédito.
Nos Estados Unidos, o vice-presidente Al Gore é a pessoa responsável pela massificação da comunicação virtual e pela construção da "superestrada" da informação.
A principal iniciativa do governo norte-americano tem sido a desregulamentação do mercado de comunicação e a permissão para associações entre megaempresas que beiram o monopólio.
A iniciativa já permitiu a associação de US$ 33 bilhões entre a Bell Atlantic, de telefonia e comunicação, com a Tele-Communications Inc., uma empresa de TV a cabo. Outra empresa de TV a cabo, a Viacom, fechou negócio de US$ 8,4 bilhões com a Blockbuster, uma das maiores redes americanas de fitas de vídeo.
A Viacom também concluiu recentemente uma operação de US$ 10 bilhões para associar-se à QVC, a maior rede nacional de venda de produtos pela TV.

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