São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994 |
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Entenda a polêmica
DA REDAÇÃO No Mais! do último dia 3 –cujo tema de capa foi "Consenso de Washington x Apartheid Social"–, os cientistas políticos José Luís Fiori e Roberto Mangabeira Unger criticam a candidatura FHC à luz da implantação do Plano Real.Segundo Fiori, em seu artigo "Os Moedeiros Falsos" (pág. 6-6), ao viabilizar sua candidatura com uma coalização à direita, FHC estaria tentando reconduzir a burguesia nacional à condição de sócia-menor e dependente do capitalismo mundial –conforme o próprio FHC apontara em seus trabalhos sociológicos dos anos 60. "O Plano Real não foi concebido para eleger FHC", escreve Fiori, referindo-se ao Consenso de Washington. "FHC é que foi concebido para viabilizar no Brasil a coalizão de poder capaz de dar sustentação e permanência ao programa de estabilização do FMI e dar viabilidade política ao que falta ser feito das reformas preconizadas pelo Banco Mundial". Consenso de Washington ("Washington Consensus") é uma expressão forjada pelo economista inglês radicado nos EUA John Williamson, durante um seminário promovido em 93 pelo governo americano. Trata-se de uma estratégia de ajustamento e estabilização das economias dos países periféricos, entre eles o Brasil, formulada pelo governo norte-americano, o FMI e o Banco Mundial. Esta estratégia baseia-se na redução do tamanho do Estado através de privatizações, no fim do déficit nas contas públicas e na abertura dos mercados nacionais, com o objetivo de obter a retomada dos investimentos externos para alavancar o crescimento econômico. No Mais! de 10/7 (pág. 6-3), Fernando Henrique Cardoso responde às críticas, afirmando que jamais abriu mão da sua obra sociológica e que Fiori comete uma "falácia ecológica" ao dizer que sua candidatura estaria submetida ao Consenso de Washington. "Chega de artificialismos e de estereótipos conspiratórios deste tipo", escreve FHC. "A política de estabilização proposta –sem monitoramento do FMI e sem passar por recessões– é apenas uma tentativa para assegurar condições de governabilidade e para permitir que o país chegue às eleições. Se os críticos, ao invés de distorcerem o que eu penso e proponho, percebessem que eu desejo reconstruir o Estado para permitir que se dê a guerra ao 'apartheid social', chegariam a outras conclusões." Texto Anterior: O fim do triunfalismo neoliberal Próximo Texto: RUMO A NETRÓPOLIS Índice |
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