São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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Ilegalidade e truculência

A atabalhoada decretação da prisão de dois acionistas minoritários, um executivo e um gerente da empresa atacadista Makro de Brasília, com base na alegação de aumentos abusivos de preços, traz de volta o receio de que a estabilização da economia venha a ser tratada, mais uma vez, como questão de polícia, e não de política econômica. Este jornal já havia alertado, neste mesmo espaço, para o perigo de que, no afã de controlar preços, fosse reeditada a histeria punitiva e ilegal que se observou por ocasião do Plano Cruzado em 1986.
Esse tipo de atitude prepotente, arbitrária e demagógica, que traz apenas pânico e confusão ao mercado, tem efeito nulo sobre o controle de preços e consequências danosas à democracia, à ordem e aos direitos dos cidadãos.
No caso específico, contudo, o episódio ganha ares kafkianos, uma vez que dois dos empresários em questão eram apenas acionistas minoritários, sem atribuições executivas na direção da empresa acusada. Esta Folha já se manifestou contrária aos aumentos abusivos de preços, mas sempre repudiou firmemente a prisão de indivíduos que não representem uma ameaça física para a sociedade.
O atalho da ilegalidade, do arbítrio e da truculência é o pior caminho possível para a busca da estabilização econômica e social.

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