São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994
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Itamar tem MP pronta desde junho

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Itamar Franco quase editou uma medida provisória em junho aumentando em 28,86% os salários do funcionalismo. Ele engavetou a MP graças às pressões do candidato da aliança PSDB-PFL-PT à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, e à ameaça de demissão do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero.
Sob pressões do chefe da SAF (Secretaria de Administração Federal), Romildo Canhim, e dos ministros militares, Itamar quase concedeu o aumento em junho.
Ricupero e o ministro do Planejamento, Beni Veras, articularam uma conversa entre FHC e Itamar.
FHC conseguiu convencer o presidente de que um reajuste antes do Plano Real prejudicaria o programa e sinalizaria aos agentes econômicos que o governo não estaria comprometido com a austeridade nos gastos públicos.
Nos primeiros dias de julho, a equipe econômica foi surpreendida com a retomada das pressões de Canhim sobre o presidente, com o apoio de alguns integrantes do grupo de Juiz de Fora. No Planalto, o único aliado da equipe econômica foi o ministro-chefe do Gabinete Civil, Henrique Hargreaves.
O principal argumento de Canhim foi que o presidente passaria para a "história" ao realizar a isonomia –igualar salários do Executivo, Legislativo e Judiciário.
Na semana passada, em reunião com Itamar, o Secretário de Orçamento e Finanças, Edney Resende Moura, contestou Ricupero e Beni Veras, que alegavam falta de verbas para o reajuste. Estavam na reunião Canhim e o ministro-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Arnaldo Leite Pereira.
Enquanto a equipe econômica afirmava que não existiam verbas disponíveis para o aumento, Moura, coronel do Exército, disse ao presidente que havia uma folga de US$ 3 bilhões– suficientes para para pagar o reajuste em 94.
O clima da reunião não tornou-se mais tenso por causa da habilidade de Hargreaves com o amigo Itamar. Ele convenceu o presidente de que o reajuste precisava de mais discussões.
Moura, indicado para o cargo pelo ministro do Exército, Zenildo de Lucena, preferiu contrariar o ministro do Planejamento, a quem é subordinado como titular da Secretaria de Orçamento Federal.

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