São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994
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PC sai hoje da cadeia para velar a mulher

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Elma Pereira Cavalcanti Farias, 44, mulher de Paulo César Cavalcanti Farias, o PC, morreu na madrugada de ontem em sua casa, no Lago Norte, em Brasília.
Segundo o laudo provisório do IML (Insituto Médico Legal), Elma morreu entre 2h e 6h, de edema pulmonar e insuficiência cardíaca.
Os médicos explicaram que o sangue invadiu os pulmões e provocou uma espécie de afogamento.
O corpo estava sendo embalsamado ontem, às 19h, para ser velado em Brasília, na casa da família, e levado hoje cedo para São Paulo, onde será cremado.
Em entrevista à Folha, no fim de 1992, a mulher de PC disse que gostaria de ser cremada e ter suas cinzas jogadas no rio Sena, em Paris.
A família não soube dizer ontem se esse desejo será cumprido.
Elma foi encontrada morta em seu quarto, por volta das 9 horas de ontem, pela filha Ingrid, 14, com quem dormia, e pelo mordomo da casa, Joel Boeira.
Embora o corpo já estivesse roxo e gelado, três empregados de PC, acompanhados de Ingrid, ainda o levaram para o Hospital de Base de Brasília, às 10 horas.
PC Farias, que está preso no Batalhão de Choque da PM, em Brasília, foi avisado da morte por seu irmão, o deputado Augusto Farias, por volta das 11h30.
Transtorno
"O Paulo César ficou transtornado", afirmou Augusto, logo depois de dar a notícia ao irmão.
PC esteve com a mulher pela última vez na tarde de segunda-feira. Ela não foi visitá-lo anteontem por estar indisposta.
Quando o deputado entrava na cela do irmão, o locutor de uma rádio começava a anunciar a morte de Elma. Augusto baixou o volume do rádio e contou tudo a PC.
Ao saber da notícia, PC telefonou imediatamente para a filha, que se encontrava na estacionamento do necrotério do hospital.
"Painho, a mainha morreu", disse Ingrid ao pai, chorando. Do outro lado, também chorando, PC tentava consolar a filha.
O outro filho de PC e Elma, Paulo, 12, que estava em casa, só ficou sabendo da morte da mãe no início da tarde.
Ele e a irmã, que, desde a prisão de PC, estudam na Suíça, chegaram a Brasília há 15 dias para visitar os pais.
Prisão
Ao saber da morte, PC passou mal, ficou abatido e tomou o antidistônico Lorax (espécie de calmante) com água Perrier. Precisou ser atendido por médicos da PM, que verificaram sua pressão.
O STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou PC a comparecer ao velório da mulher e a acompanhar a cremação em São Paulo, prevista para as 9h.
A PM de Brasília destacou um grupo especial de repressão a assaltos e sequestro, com dez homens especialmente treinados, para vigiar o empresário.
A Polícia Federal também auxiliará o esquema de segurança. "Vamos agir tanto em respeito à integridade física de PC quanto em cumprimento à lei", disse Edmo Salvatore, superintendente da PF em Brasília: "Não queremos nenhum estardalhaço".
PC solicitou ao STF que sua prisão fosse cumprida em domocílio para poder cuidar dos filhos.
O ministro Carlos Velloso, do STF, negou o pedido e não aceitou o argumento do advogado de PC de que os filhos precisam da assistência do pai.
Segundo o despacho de Velloso, é de conhecimento público que os filhos de PC moram na Suíça.

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