São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994
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Seleção pode vir a São Paulo no dia 29

WILSON BALDINI JR.; MÁRIO MOREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os paulistanos tiveram apenas cinco minutos para recepcionar os seus jogadores tetracampeões, ontem de madrugada, no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
O avião, fretado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com os oito jogadores paulistas (Zetti, Cafu, Ronaldo, Raí, Mauro Silva, Viola, Paulo Sérgio e Muller) aterrissou na pista do Aeroporto Internacional de São Paulo às 2h10 de ontem.
Todos os jogadores, acompanhados do preparador físico da seleção, Moraci Sant'Anna, desceram do avião e se dirigiram até o alambrado, carregando uma bandeira com as cores verde e amarela, onde cerca de 400 torcedores se aglomeravam.
"Vale todo o sacrifício para homenagear este público", afirmou o atacante Viola, que, depois de distribuir autógrafos por cinco minutos, foi retirado por um segurança.
Após rápido contato com a torcida, os jogadores (exceto Viola) entraram em um micro-ônibus e se dirigiram à sala vip do aeroporto, para serem recepcionados por seus familiares, por Paulo Maluf, prefeito de São Paulo, e pelo governador do Estado, Luiz Antônio Fleury Filho.
O pai do jogador Cafu, Célio de Moraes, estava revoltado com os dirigentes da CBF, que não permitiram que a seleção brasileira desfilasse em São Paulo, como aconteceu em Recife, Brasília e Rio de Janeiro.
"Os jogadores não sabiam que São Paulo ficaria de fora. Todos esperavam desfilar aqui também, apesar do grande cansaço", afirmou Moraes.
Jussara Mendes, mulher do jogador Muller, concordou com o pai de Cafu. "Chegar a essa hora e não ter nenhum tipo de comemoração foi decepcionante para os torcedores e até para a família."
"O Muller pretende abandonar a seleção e se dedicar mais à família", disse Jussara.
"Neste período de concentração nos EUA, ele teve proposta para voltar a jogar na Itália e também do Japão. Mas não aceitou".
Jussara afirmou que o jogador não "suporta mais" o ambiente de seleção. "Ele já ganhou todos os títulos que poderia ganhar na carreira de jogador de futebol. O ambiente de seleção sofre muita especulação por parte de empresários e isso desgasta muito o seu relacionamento."
"Ainda bem que o Parreira conseguiu coibir tudo isso", concluiu Jussara, antes de entrar na sala vip.
Cristina, mulher do jogador Raí, participou da viagem de volta dos Estados Unidos e revelou alguns momentos curiosos.
"O Viola e o Romário eram os mais animados e puxavam o ritmo no pagode", disse. "A animação foi grande até o horário do jantar. Depois, eles caíram no sono", afirmou.
Policiais federais não permitiram a entrada da imprensa no local, que foi reservado para os pais e suas mulheres.
Após quinze minutos, jogadores e suas famílias retornaram ao micro-ônibus e se dirigiram até um ônibus que os levou para o centro de treinamento do São Paulo, na Barra Funda.
Os jogadores do São Paulo (Zetti, Cafu e Muller), acompanhados de Ronaldo, Raí e Mauro Silva, além de Moraci Sant'Anna e do chefe da delegação brasileira na Copa, o presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, chegaram ao Centro de Treinamento do São Paulo às 3h05.
A polícia militar, que acompanhou o ônibus por todo o percurso, fez um cordão de isolamento com seus carros a duzentos metros da entrada do CT.
Jornalistas e torcedores, mais uma vez, não puderam ter contato com os jogadores. Apenas os carros com familiares puderam furar o bloqueio.
Ronaldo, Raí e Mauro Silva foram os primeiros a deixar o CT e seguiram para suas cidades de origem.
Viola foi do aeroporto, acompanhado pelo diretor de futebol do Corinthians, Francisco Papaiordanou, para a sua casa, onde foi recepcionado com festa. A Folha esteve na casa do jogador, mas sua irmã, pelo interfone, disse que "o Viola estava dormindo".
Paulo Sérgio, que era esperado por sua família, falou rapidamente. "As críticas já foram esquecidas. Agora é hora de comemorar", afirmou um dos jogadores mais questionados da seleção durante a Copa.
Os jogadores Zinho e Mazinho, do Palmeiras, ficaram no Rio de Janeiro com seus familiares.
(WBJr. e MMo)

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