São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994 |
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Conflitos raciais marcam história sul-africana
SILVIO CIOFFI
Nelson Rolihlahia Mandela, 76 anos completados no último dia 19, passou 27 anos na prisão. Advogado e ativista político, Mandela é filho de um rei da etnia xhosa (pronuncia-se cósa). Foi libertado pelo então presidente Frederik de Klerk, em 1990. Dois dos personagens mais importantes da moderna história sul-africana, Mandela e De Klerk, 58, dividiram o mesmo Prêmio Nobel da Paz em 1993 e são responsáveis pelo fim de 232 anos de governo de segregação racial. Mas a história do fim do regime que garantia à minoria branca o poder nesse país de múltiplas etnias tem diversas figuras políticas a execrar e a reverenciar. O arcebispo anglicano Desmond M. Tutu –Nobel da Paz em 1984–, é um dos mais importantes líderes negros de nosso tempo. Mas há o controvertido Mangosuthu Buthelezi, 66, líder dos zulus e do partido Inkatha, que se opõe à liderança de Mandela. Para conhecer um pouco da história da África do Sul é preciso lembrar que no início vieram os portugueses. Bartolomeu Dias (?-1524), o primeiro, alcançou o Cabo das Tormentas em 1487. Vasco da Gama (c.1468-1524) chegou às Índias dobrando o cabo, cujo nome mudou para cabo da Boa Esperança. Em 1652 foi a vez do holandês Jan van Riebeeck (1619-1677), que fundou a Cidade do Cabo. Quando os brancos entraram em choque com os zulus, no interior do país, Shaka (1787-1828) foi o guerreiro que derrotou os bôeres. Os conflitos continuaram e até que o general Andries Pretorius (1799-1853) derrotou 10 mil zulus chefiando 500 no Transvaal. Seu filho, Marthinus Pretorius (1819-1901), tornou-se o primeiro presidente da República. Já Paul Krger (1825-1904) foi figura chave na guerra entre bôeres e britânicos, que invadiram a Cidade do Cabo no século 19. Cecil Rhodes (1853-1902), político inglês que foi levado jovem para a África do Sul, fundou a mineradora de diamantes De Beers. Figura-símbolo do imperialismo britânico, Rhodes enveredou para o norte e explorou Zimbábue. Hindus também têm presença expressiva na história sul-africana e o estadista Mohandas Gandhi (1869-1948) viveu em Durban entre 1893 e 1915. Winston Churchill (1874-1965), o estadista britânico, foi correspondente na guerra entre bôeres e britânicos (1899-1902). Acompanhava-o o escritor e também correspondente Arthur Conan Doyle (1859-1930). É uma pena que o líder negro Steve Biko (1946-1977) não veja as mudanças que colocam o país nas mãos de um governo de unidade nacional. Texto Anterior: Com o fim da segregação, país está em 'lua-de-mel' Próximo Texto: Hotel seis estrelas custou US$ 300 milhões Índice |
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