São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994
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Com o fim da segregação, país está em 'lua-de-mel'

ANDRÉA FORNES
DA ENVIADA ESPECIAL

Os negros são 75% da população sul-africana, mas durante mais de 300 anos viveram sob o regime de dominação branca (apenas 14% do total).
A realização das primeiras eleições multirraciais do país, no mês de abril, e a posse de Nelson Mandela na Presidência, aos 75 anos depois de ter passado 27 deles na prisão, encerraram uma era de segregação política.
A "revolução secreta" começou antes mesmo da libertação de Mandela, em 11 de fevereiro de 1990. O primeiro sinal do que estaria por acontecer no país partiu de F.W. de Klerk, ex-presidente e atual vice.
"A eleição geral de 6 de setembro de 1989 colocou nosso país irrevogavelmente no caminho da mudança drástica", disse ao ser eleito pelo Partido Nacional.
A transição só não foi tão drástica como De Klerk havia previsto porque os conchavos haviam começado dez anos antes.
O período que antecedeu as eleições de abril foi especialmente violento, sobretudo na Província de Natal (atual Natal-KwaZulu).
O governo decretou estado de emergência na região que concentra a população da etnia zulu.
Sob o comando do Inkhata –Partido da Liberdade–, os zulus entraram em rota de colisão com os negros do Congresso Nacional Africano, de Mandela, com quem haviam rompido na década de 80.
Mangosuthu Buthelezi, o presidente do Inkhata ameaçou boicotar as eleições depois de ter se recusado a participar das negociações para acabar com o apartheid, que ele aliás apoiava.
Entrou no páreo e acabou no governo Mandela como ministro do Interior. Até mesmo a ex-mulher de Mandela ganhou um ministério (o de Artes, Cultura, Ciência e Tecnologia).
Recentemente Winnie aceitou de uma amiga uma casa na Cidade do Cabo, avaliada em mais de 800 mil rands (US$ 222 mil).
Por atitudes como essa tornou-se uma das figuras mais controvertidas da política do país.
Há muitas expectativa em relação aos rumos que "Tata" (ou pai como Mandela é chamado por seus aliados) vai tomar. Enquanto esperam, os sul-africanos experimentam um período inédito de "lua-de-mel".

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