São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 1994
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Trocar poupança por dólar é mau negócio

CARLOS KAUFFMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos tempos de inflação alta, era hábito trocar o excedente de salário por dólares para uma futura viagem.
Com o real, o que era um instrumento para preservar o poder de compra se transformou num negócio desvantajoso.
Quem já possui um estoque de dólares em casa, porém, deve pensar duas vezes antes de destrocá-los por reais.
"Quem tem dólares, não deve destrocá-los; quem não os tem, não deve comprar", afirma Carlos Gandolfo, 47, sócio-proprietário da corretora de câmbio Dascam.
Segundo Gandolfo, a regra vale principalmente para aqueles que pretendem viajar em um ou dois meses.
A diferença entre as cotações de compra e venda de dólar, hoje de cerca de 3%, é o que mais desestimula as operações cambiais, diz Gandolfo.
Cartão de crédito
Apesar de ser fundamental adquirir moeda estrangeira antes de embarcar para o exterior, não é necessário fazer o câmbio de todas as economias em reais para viajar.
Uma estratégia para fazer os reais renderem mais durante a viagem é o uso combinado do cartão de crédito internacional e de uma aplicação financeira.
Desse modo, apenas parte do fundo de viagem seria empregada na compra de "traveler cheques" ou cédulas.
O restante ficaria numa aplicação com aniversário coincidindo com o vencimento da fatura mensal do cartão.
Enquanto o turista faz os pagamentos com o cartão, o dinheiro fica rendendo juros no Brasil.
Passagens financiadas
A taxa de juros praticada nos três planos é idêntica –4% ao mês–, bem como o valor da entrada –20% do preço total.
A diferença está no número máximo de parcelas financiadas: 12 na Varig e dez na Transbrasil e Vasp.
A taxa de 4% pode parecer vantajosa, mas é bom lembrar que a expectativa do mercado para os rendimentos das aplicações nos próximos meses é de queda dos níveis atuais de remuneração.
Baseado no mercado futuro dos depósitos interbancários, o rendimento previsto da caderneta de poupança é de cerca de 4% em agosto e de 3,3% em setembro.
Como os juros do financiamento das passagens são pré-fixados, só a volta da inflação pode tornar o financiamento um bom negócio.

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