São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Empresa nega ter pago propina

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor da Sérvia Abílio Bitencourt, escalado para apresentar à Folha a versão da empresa, confirmou parcialmente a história contada pelo motorista Otair Oliveira.
Negou, porém, que a empreiteira tenha pago propina ao senador Guilherme Palmeira.
Bitencourt reconhece que foram feitos depósitos na conta de Carlos Abraão Moura, assessor de Guilherme Palmeira, mas afirma que foram apenas pagamentos de compras de camarão e lagosta.
"Abraão era amigo de Simião. Os cheques eram pessoais do nosso diretor. A empresa pagou a Abraão", disse.
Abraão não foi encontrado em Alagoas no telefone cedido pelo gabinete do senador.
O diretor da Sérvia afirmou que a ex-secretária e o ex-motoristas estão "mentindo".
Bitencourt confirmou que a empresa recebia prefeitos e deputados no escritório em Brasília. "Lá iam muitos prefeitos. Eles pediam para a gente preparar emendas". Disse também que "pode ter acontecido de alguns prefeitos terem pedido para a gente levar as emendas aos deputados".
Nestes casos, os motoristas da empresa levavam as emendas para os deputados em envelopes, informou Bitencourt.
O diretor disse que Palmeira apresentou a emenda para a construção da rodovia AL-205, em Alagoas, a pedido do governador Geraldo Bulhões.
Palmeira disse ontem, às 13h30, em São Luís (MA) que não lembra dos detalhes sobre a emenda ao Orçamento da União de 93, que solicitou verbas para pavimentação de um trecho da rodovia.
"Eu nunca pergunto se a verba será destinada às obras tocadas pela Sérvia, por fulano de tal, isso ou aquilo", disse.
A partir das 17h, a Folha voltou a procurá-lo sobre as denúncias do motorista Oliveira. Palmeira não foi achado.

Colaborou a Agência Folha, em São Luís.

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