São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Vice de Lula espera deflação em agosto

CARLOS EDUARDO ALVES
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Em seu primeiro dia de campanha de rua como candidato a vice- presidente da República na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, o economista Aloizio Mercadante suavizou ontem em Belo Horizonte a posição do PT em relação ao Plano Real.
"Nós não queremos que o real se frustre", disse Mercadante antes de sugerir algumas medidas que no seu entender são necessárias no acompanhamento do plano.
Para o vice de Lula, a constatada inflação de 6,08% deve ser compensada em parte com uma provável deflação em agosto.
"O que é preciso agora é o governo convocar câmaras setoriais para evitar a realimentação da inflação", declarou Mercadante.
Entre as idéias lançadas pelo economista para administrar o Plano Real estão o controle de preços para os produtos da cesta básica e a redução da taxa de juros.
Mercadante está cumprindo o papel de redirecionar o discurso do PT sobre o plano, enquanto Lula mostra mais dificuldade para amenizar a retórica.
Ao comentar a inflação de 6,08%, Lula engatilhou as críticas. "Com esse aumento absurdo de preços fica claro que os trabalhadores perderam muito", afirmou o candidato a Presidente.
Perguntado se, caso chegue ao Palácio do Planalto, manterá o Plano Real, Lula respondeu que havia a necessidade "de se fazer alguma coisa com urgência" para combater a inflação.
No entanto, o presidenciável insistiu que no período entre a implantação da URV e a adoção da nova moeda houve perda de poder aquisitivo para os trabalhadores.
"O trabalhador não pode pensar que a única coisa que importa é a inflação zero", disse Lula.
O candidato e Mercadante aproveitaram a presença de ex-apoiadores de Fernando Collor em solenidade da campanha de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), anteontem em Brasília, para associar o adversário ao ex-presidente.
"São as mesmas pessoas que são responsáveis pelo empobrecimento do país", cutucou Lula.
"É a elite que financiou a campanha de Collor", emendou Mercadante, que agora passará a percorrer um roteiro diferente de Lula nas viagens de campanha.
O presidenciável do PT lançou em Belo Horizonte o seu programa de apoio às micros, pequenas e médias empresas.
O vice-prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro (PSB), que esteve cotado para substituir José Paulo Bisol (PSB-RS) como vice de Lula, esteve no aeroporto da Pampulha para recepcionar o candidato, mas logo depois se separou da comitiva petista.
Lula encerraria seu dia de campanha na capital mineira com um comício programado para as 21h no centro da cidade.

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