São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Jornal e TV ensinam geografia no exterior

FERNANDO CANZIAN; SÉRGIO MALBERGIER
DE NOVA YORK

SÉRGIO MALBERGIER
A aceleração nas mudanças do mundo, provocada pela derrocada do comunismo e pelos conflitos étnicos, está mudando o ensino de geografia nos Estados Unidos e na Inglaterra. Lá, jornal e TV, aliados a atlas, ajudam a aproximar a geografia do cotidiano dos estudantes.
Quando voltarem às aulas em setembro, os alunos da 7ª série da escola secundária Essential High School, de Nova York, terão aulas de geografia acompanhadas por vídeos da rede de notícias CNN e por mapas das Nações Unidas para entender as crises em Ruanda, na África, e no Haiti, no Caribe.
"O ensino de geografia deixou de ser uma atividade estática e tem se baseado muito em fatos que estão acontecendo para manter os alunos atualizados", diz Jeffrey Lightner, professor de geografia da Essential High School.
Lightner conta que desde o início da guerra na Bósnia-Herzegóvina, há mais de dois anos, tem adotado vídeos de telejornais e recortes de mapas que saem em jornais para ajudar os alunos a entender as crises geopolíticas.
"Todo o ensino tradicional de geografia continua de pé, com atlas de continentes e oceanos. Mas as aulas têm sido iniciadas com atualizações do mundo que despertam o interesse dos alunos para a geografia", diz Lightner.
A Essential High School e a Prince High School, também de Nova York, recebem estudos das Nações Unidas sobre forças de paz e conflitos em fronteiras para atualizar as aulas de geografia.
"Quando a guerra da Bósnia começou poucos alunos tinham interesse em saber onde era a região. Depois que introduzimos imagens da guerra o interesse mudou", diz Karin Burke, professora da Prince.
Segundo os professores, países distantes deixam de ser abstratos quando são apresentados como lugares onde há guerras que aparecem todos os dias nos jornais.
Jornais vão à aula
Na St. Mark's Secondary School, em Londres, há um mapa colorido da Europa na parede de uma das classes, editado pelo jornal "The Independent" no final de 1992, com as mudanças mais recentes nas fronteiras européias.
Em agosto de 1992 a Folha publicou um mapa-múndi com as novas fronteiras da Europa. Em 1991, já havia publicado um com a divisão da ex-Iugoslávia.
"O mapa do 'Independent' ajudou num momento em que os livros estavam desatualizados", afirma Jane Jivani, professora de geografia da St. Mark's.
Jane debate toda semana o noticiário internacional com os alunos para "dar vida à geografia".
Na St. James Independent, escola particular de Londres, computadores ajudam a aumentar o interesse dos alunos por geografia.
"Mapas no computador ganham mais vida. Os alunos vêem muita televisão e a tela do computador parece mais com a tela de TV do que um livro", diz Amanda Rowley, coordenadora educacional.
Mas os computadores podem ficar desatualizados, já que são alimentados por programas que custam caro para substituir. "Os jornais são a fonte atualizada mais acessível para os alunos", afirma.

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