São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994 |
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'Simião guardava o dinheiro na mala'
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida ontem pelo ex-motorista da Sérvia Otair Oliveira:Pergunta – Como o sr. sabia que Simião ia ao banco retirar dinheiro? Otair Oliveira – A Ana Lúcia sabia porque recebia o fax avisando. Ele mandava ela ligar para a Caixa para saber se tinha o dinheiro. Ele ia à agência e pegava o dinheiro. Depois, ia à casa de câmbio, no Gilberto. Pergunta – Quanto era em dinheiro? Oliveira – Era muito dinheiro. Ele enrolava num papel e colocava dentro da mala dele. Pergunta – Como o sr. sabia que, dentro da mala, havia dinheiro? Oliveira – Muitas vezes, não cabia dentro da mala, e ele vinha com o dinheiro enrolado no papel. Pergunta – O sr. viu as notas? Oliveira – Não, mas só pode ser dinheiro. Ali é casa de câmbio. Pergunta – De quanto em quanto tempo acontecia isso? Oliveira – Duas vezes por mês, uma vez por mês. Pergunta – Não seria dinheiro para pagar funcionários? Oliveira – Quem fazia pagamento de aluguel, contas, e até o dinheiro dos funcionários era eu. A empresa tem cheque para isso. A Ana batia o cheque. Pergunta – No Congresso, o sr. ficava onde? Oliveira – Ele subia. Ficava duas horas, uma hora e meia. De lá, ele ia para os Ministérios da Integração Regional, Bem-Estar Social e DNER. Pergunta – Ele ficava muito tempo nos ministérios? Oliveira – Cerca de 40 minutos. Pergunta – Ele subia pelos elevadores sociais ou privativos? Oliveira – No Bem-Estar Social, era o social. Na Integração Regiona,l era o privativo. Pergunta – Quantas vezes ele foi aos ministérios? Oliveira – Foi muitas vezes. Pergunta – O roteiro da casa de câmbio, Congresso, ministérios, ele fez quantas vezes? Oliveira – Uma vez por mês. No final do ano vinha os brindes, presentes. Pergunta – O sr. levava presentes para deputados e senadores? Oliveira – Levei muito. Pergunta – Qual quadra? Oliveira – Acha que era na 311 Sul e também na Asa Norte. Pergunta – Como era o presente? Oliveira – Era uma mala de couro, uma mala grande. Ele devolveu com um cartão dizendo que não aceitava. Pergunta – Em que ano? Oliveira – Final de 93. Quando era na época dos brindes, a gente saía de manhã e só voltava à tarde. Entreguei umas dez malas. O uísque não era para todos. Pergunta – O sr. comentava com a Ana Lúcia (ex-mulher de Oliveira e secretária da Sérvia) sobre os presentes e as emendas que ela datilografava? Oliveira – A gente comentava. Naquelas emendas que ela batia, tinha muita corrupção. Era rotina. Pergunta –O sr. depositava cheques para o Abraão? Oliveira - Depositei uns 15. Era dinheiro para a campanha dele. Ele ia muito lá (na Sérvia). Os cheques grandes ele pegava direto. Pergunta – Alguém comentou se o Abraão passava dinheiro para o senador Palmeira? Oliveira – Não. Pergunta – Qual era o banco onde depositava os cheques? Oliveira – No Banespa da W-3 Sul, quadra 504, ao lado de uma Caixa Econômica. Algumas vezes, eu peguei o Abraão no gabinete para levá-lo à Sérvia. Pergunta – O sr. levava o Simião e o Abraão para jantar? Oliveira – Levava. Eles gostavam de comer no Piantella, no Garrote, no Espeto de Ouro. Pergunta – Quem mais ia? Oliveira – Tinha o pessoal do ministério, o Lauro Freitas, da Integração Regional. Tinha outro que a CPI descobriu na Integração Regional, um secretário gordo. Pergunta – O sr. disse que o Simião brigava muito com a Ana. Por que ela era mantida? Oliveira – Ela era amiga do Abílio Bitencourt. Ela trabalhou com ele no comitê do Collor. Ele era coordenador da campanha do Collor. Ela falava muito do PC, do Claudio Vieira. Ela conhecia esta turma toda. Texto Anterior: Motorista denuncia elo entre Palmeira e esquema Sérvia Próximo Texto: O esquema segundo Otair Índice |
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