São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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"Maria Borralheira" relê Cinderela

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA "FOLHINHA"

Peça: "Maria Borralheira"
Direção: Vladimir Capella
Cenografia: J. C. Serroni
Elenco: Déborah Serretiello, Selma Luchesi, Renata Zanetta, Andréa Garcia, Fernando Vianna, Leopoldo Pacheco e outros
Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 284-9787)
Quando: Sábados e domingos, às 11h e 14h, e de quarta a sexta, às 14h
Quanto: Grátis. É preciso pegar ingressos com antecedência na bilheteria do teatro, de segunda a sábado, das 9h às 12h e das 13h às 18h. Espetáculos para escolas podem ser agendados com Cleide Mendes, tel. 011/253-5877, ramal 249.

"Maria Borralheira", versão brasileira para o clássico "Cinderela", estréia hoje, às 14h, em adaptação de Vladimir Capella no Teatro Popular do Sesi (Serviço Social da Indústria).
O espetáculo é uma segunda montagem do conto de fadas por esse diretor –um dos melhores do teatro para crianças em São Paulo.
A primeira aconteceu em 1987 e ganhou 32 prêmios. Tinha Mayara Magri como protagonista e J. C. Serroni como cenógrafo (trabalhou em "A Gaivota", dirigida por Francisco Medeiros, e "Vereda da Salvação", por Antunes Filho).
A diferença entre as montagens está em quase tudo, no elenco, nos figurinos e na cenografia.
A produção atual, que contou com um orçamento livre de cem mil dólares (elenco e diretor são pagos à parte), imprime vigor ao teatro para crianças.
Já deu para ver, em ensaio do espetáculo, a fluência do texto nos diálogos entre os 13 atores do elenco, a exuberância da cenografia e dos 54 figurinos e a qualidade da trilha sonora, composta por Dyonisio Moreno.
O espetáculo é centrado em versão livre de "Cinderela", recolhida em Sergipe por Sílvio Romero. Traz Selma Luchesi no papel da madrasta e Déborah Serretiello interpretando Maria Borralheira.
Capella introduz temas e relações humanas complexas em seu teatro, mas acredita que a simplicidade dos temas faz com que o público infantil entenda as mensagens. "Talvez isso diferencie um pouco meu trabalho do teatro para crianças que traz lições. São nas coisas simples que estão as grandes propostas", diz.
Serroni também trabalhou com Capella em "Chimbirins e Chimbirons". Em "Maria Borralheira" e em "Chimbirins...", criou um estilo que evoca o sonho e estimula a fantasia da criança.
Nada é muito definido em seus cenários. O espectador completa a informação. A floresta é uma cortina de fios quase transparentes, que se movimentam com os atores e ampliam o espaço cênico. A floresta é desenhada com luzes de vários tons nessas cortinas móveis.
"Em todos os meus trabalhos, procuro ter uma certa limpeza, fazer contornos e fundos, deixar o palco livre para o trabalho do ator. Esse espírito cria uma atmosfera mitológica, de lirismo, que é uma novidade para as crianças de hoje, acostumadas com o computador e a televisão", diz Serroni.
A estréia inaugura novo horário para espetáculos para crianças, de quarta-feira a domingo, que recebem o mesmo tratamento que o teatro dirigido aos adultos.
É uma superprodução para os padrões basileiros e faz parte da programação do Projeto 94 de Artes Cênicas do Teatro Popular do Sesi (TPS), que surgiu a partir de um seminário, em outubro de 93.
Segundo Maria Lúcia Pereira, assessora do diretor da Divisão de Difusão Cultural do Sesi, o seminário reuniu teóricos e artistas da área de teatro para definir novos rumos para o TPS.
A partir daí, foram escolhidos montagens e diretores, como Bia Lessa e Ulisses Cruz. O projeto inclui no programa um concurso de dramaturgia.
"O projeto tem dois diretores de produções infantis, Vladimir Capella e Roberto Lage –para o ano que vem. A direção da casa escolheu os melhores diretores. A idéia do TPS é fazer grandes produções com textos e montagens de qualidade, principalmente de clássicos", conta Pereira.

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