São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Costureiras da Rocinha renovam desfiles com produção artesanal

JORGE FREITAS

JORGE FREITA
DA SUCURSAL DO RIO

O elogio da diretora do Studio Berçot, Marie Rucki, à apresentação, em desfile em São Paulo, das roupas confeccionadas na favela da Rocinha, encheu de orgulho as artesãs do morro.
"Pra mim, ela foi o amor da minha vida, porque a gente é pobre e ela nos tratou com atenção. Gostei da minha visita a São Paulo", disse Terezinha Costa Souza, 58, nove filhos, há 17 anos na Rocinha.
A moda da Rocinha é feita de material reciclado e retalhos de marcas famosas, como a Richard's. A produção é feita por 24 artesãs, que trabalham em suas casas com máquinas de costura normais, emendando os tecidos.
Os desenhos das roupas são feitos pela estilista Marli Braga, que sempre trabalhou para marcas da zona sul do Rio. São blazers, camisões, calças, shorts, saias, entre outras peças.
A idéia da fabricação de roupas utilizando moradores da favela foi da socióloga Maria Teresa Amaral, a Tetê, moradora no Leblon. O projeto começou em 1982. Ela compra as roupas prontas e é responsável pelas vendas.
As roupas são vendidas na loja Niki Bobo, em Copacabana. As costureiras da Rocinha estão conseguindo uma renda média de três salários mínimos mensais como resultado desse trabalho.
Para a paraibana Ana Maria da Silva, 57, seis filhos, a dificuldade da cooperativa é a falta de máquinas industriais. "Fica muito demorado emendar os retalhos", disse.
As mulheres da Rocinha se reúnem em torno da Coopa-Roca (Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da Rocinha Ltda), que tem sede na rua Um da favela.
A cearense Marta Moreira, 37, três filhos, disse que emenda retalhos de acordo com seu gosto. "A Tetê conversa muito com a gente, dizendo o que é melhor, mas a mistura dos retalhos quem faz somos nós", disse Marta
Terezinha da Costa Souza, 58, nove filhos, cearense, disse que a cooperativa precisa aumentar os pontos de venda.
O resultado do trabalho das artesãs está num bazar até o final da primeira quinzena de agosto no restaurante Ritz (alameda Franca, 1.088, região central de São Paulo). Lá estão as 80 peças fabricadas com os "patchworks".

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